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Barão

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Cemitérios são museus a céu aberto, uma fonte de pesquisa permanente da história de um<br />

lugar. Quando visitamos um cemitério, passamos a lembrar e relembrar das pessoas, seus legados, os<br />

episódios do passado e também nos lembramos da morte.<br />

Para algumas pessoas o cemitério é um local sagrado para outros remete o medo, morar<br />

próximo a um cemitério poderia ser uma experiência horrível, ou não, pois os mortos podem ser os<br />

melhores vizinhos.<br />

No passado, as pessoas quando faleciam eram enterradas dentro das igrejas que<br />

freqüentavam, em um território considerado sagrado. Com o passar do tempo e com a evolução e o<br />

progresso das cidades, esse campo sagrado perde seu foco para a urbanização e assim a necrópole é<br />

repensada, não só em sentido de localização longe dos centros urbanos, mas também como local, com<br />

outras concepções.<br />

No século XIX a criação dos cemitérios extramuros em contraposição aos sepultamentos<br />

dentro ou nos adros da igreja, gerou muita polêmica e discussões em relação às crenças e aos ritos. A<br />

grande preocupação dos vivos naquele momento era o local do enterro, em campo santo, cumprindo<br />

os rituais da boa morte. Hoje, a preocupação é outra e cabe aos serviços funerários se encarregarem<br />

de todos os detalhes do sepultamento, o que de certa forma nos é reconfortante.<br />

Todos nós já nos deparamos em algum momento de nossas vidas com perguntas sobre: Quem<br />

somos? De onde viemos? Para onde vamos?<br />

Essas perguntas estão relacionadas ao momento material que vivemos, o que temos no<br />

presente, o que fazemos para o futuro e quando não estivermos mais aqui, o que deixaremos? Cada<br />

um de nós encara a morte de um ponto de vista diferente, para alguns é o fim, para outros é o começo,<br />

uma viagem, ou simplesmente um túmulo, a última morada.<br />

As pesquisas relacionadas à história da morte começam a ter um maior significado a partir das<br />

décadas de 1980 e 1990 com nomes na historiografia como: João José Reis, autor de A morte é uma<br />

festa 610 , uma pesquisa criteriosa da revolta popular que ocorreu na Bahia em 1836, denominada<br />

―Cemiterada‖, onde a população, revoltada contra a proibição dos sepultamentos nas igrejas, destruiu o<br />

cemitério do Campo Santo, em Salvador; Eduardo Coelho Rezende, autor de O céu aberto na Terra:<br />

uma leitura dos cemitérios de São Paulo na geografia urbana 611 mostra a relação dos cemitérios no<br />

processo de urbanização, discutindo a valorização e a depreciação dos imóveis nas áreas envoltórias<br />

dos cemitérios, além de trazer uma morfologia cemiterial, desde a igreja-cemitério até o cemitério<br />

vertical; Amanda Aparecida Pagoto, autora de Do âmbito Sagrado da Igreja ao Cemitério Público:<br />

610 REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo:<br />

Companhia das Letras, 1999.<br />

611 REZENDE, Eduardo Coelho Morgado. O céu aberto na Terra: uma leitura dos cemitérios de São Paulo na<br />

geografia urbana. São Paulo, Necrópolis, 2006.<br />

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