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Barão

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que a escola deveria facilitar a todos certa soma de conhecimentos, considerados importantes por eles<br />

mesmos e não destinado aos fins sócio-econômicos almejados pela burguesia 539 . Outrossim, a criança<br />

ainda não tinha sido até aqui motivo de interesse especulativo, ou seja, não pensava-se nela no domínio<br />

do saber, mediante pesquisas das condições de sua adaptação social e, por isso, o ensino centrava-se na<br />

figura do professor, era ele quem deveria acumular e sistematizar o conhecimento que chegaria ao aluno,<br />

bem como decidir por sua metodologia e comportamento.<br />

À medida que as transformações da vida econômica proporcionaram uma maior urbanização, uma<br />

melhoria da comunicação e dos transportes, os Estados Nacionais se consolidaram e a educação passou a<br />

ser entendida, também, como uma forma de estabelecer uma cultura nacional, difundindo uma língua<br />

única, valores e aspirações coletivas. De acordo com Lourenço Filho, ―o ensino passa a ser visto como um<br />

instrumento de construção política e social. (...) a educação vinha propor-se, enfim, como problema integral<br />

de cultura‖. 540<br />

Nesse sentido é que, para os pensadores liberais da educação, a reforma escolar de nosso tempo fixa-se<br />

em uma dupla ordem de fundamentos: primeiro, um maior e melhor conhecimento do homem mediante o<br />

desenvolvimento da ciência e, conseqüentemente, de um melhor estudo do seu crescimento,<br />

desenvolvimento e capacidades individuais; depois, a consciência de que através da educação existem<br />

maiores possibilidades de integração das novas gerações em seus respectivos grupos culturais.<br />

O método liberal de educação, por sua vez, surge deste sentimento de que a complexidade social gerada<br />

pela industrialização necessitava de um aparato educacional que correspondesse ao avanço das ciências,<br />

ao aprimoramento do trabalho, a um novo tipo de comportamento moral da sociedade, além das novas<br />

necessidades políticas, nesse caso, a consolidação da democracia.<br />

Com a instalação de suas primeiras escolas experimentais que tentaram aplicar todo o conhecimento<br />

científico produzido sobre a infância e suas condições de aprendizagem passa-se a testar uma escola que<br />

se centrasse na criança, ou seja, diferentemente da escola tradicional em que os alunos seriam passivos<br />

em relação ao processo de ensino, agora, eles deveriam ser ativos de sua aprendizagem. Considerando<br />

539 Anísio Teixeira também propõe em Educação no Brasil que a expansão do ensino através da escola tradicional gera<br />

uma grande inadequação social. Segundo ele o avanço da ciência em favor da indústria e da modernização<br />

revolucionou os métodos de trabalho e a vida do homem, o que gerou uma grande necessidade de escolarizar a<br />

sociedade de forma que fosse oferecido ao conjunto da população o treino necessário para viver e trabalhar naquele<br />

novo ritmo de vida. Todavia, não existia na sociedade nenhuma tradição que pudesse dar suporte para um novo modelo<br />

de ensino que formasse para o ofício, de forma que a nova escola – pautada pela universalidade – teve que utilizar das<br />

tradições e dos métodos das antigas escolas. “Daí o seu caráter intelectual e livresco, como se a escola comum nada<br />

mais fosse que uma expansão da escola tradicional, uma iniciação de toda a gente à carreira das letras, de ciências ou<br />

de artes (...)” TEIXEIRA, Anísio. Educação no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1969. P. 36. Configurandose,<br />

portanto, uma inadequação da escola diante da necessidade de formar os novos trabalhadores.<br />

540 LOURENÇO FILHO, Manuel B. Op. Cit. Nota 5. P.23.<br />

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