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Barão

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formação da elite regional com a vinda da família real, vale ressaltar as condições em que vieram D.<br />

João VI e sua Corte, em um momento em que a Europa passava por transtornos devido às invasões e<br />

as dominações territoriais de Napoleão Bonaparte. Seja qual for a teoria, se sua vinda foi uma fuga, ou<br />

particularmente a mais acertada, uma ajuizada decisão, ao chegar a terras americanas, o Rei se<br />

encontrou deslocado e sem o apoio de uma forte elite econômica estruturada, como havia em Portugal.<br />

Devido a isto, D. João se fez de grato amigo, e para se aproximar e conquistar a confiança dos homens<br />

ricos de sua Colônia passou a distribuir, sem o mínimo controle e pudor, privilégios, honrarias e títulos<br />

de nobreza:<br />

[...] Queria o príncipe conquistara amizade dos grandes da terra e tinha o poder de retribuir seus benefícios<br />

maciços com honrarias ocas [...] 77 .<br />

Dom João utilizou-se à farta desse único dispositivo de que dispunha o poder real de conceder honrar e<br />

privilégios por meio das graças e mercês as mais variadas [...] 78<br />

E com isso, iniciou uma reestruturação na economia, facilitando o acesso desses latifundiários nas<br />

questões comerciais e de exportação, modificando também as estruturas políticas e sociais,<br />

principalmente, como já foi dito com a distribuição na forma de presentes e agrados de títulos de<br />

nobreza, e principalmente com cargos públicos, um dos principais meios de chegar ao poder e fixar-se<br />

nele. Dessa forma, modificando as relações com estes senhores de terra e exportadores que<br />

anteriormente eram considerados como um dos perigos da colônia e que passaram a enquadrar-se no<br />

mesmo estamento e aderiram a mesma filosofia de vida, como relata Faoro:<br />

A burguesia, nesse sistema, não subjuga e aniquila a nobreza, senão que esta se incorpora, aderindo à sua<br />

consciência social. A íntima tensão, tecida de zombarias e desdéns, se afrouxa com o curso das gerações, no<br />

afidalgamento postiço da ascensão social. A via que atrai todas as classes e as mergulha no estamento é o<br />

cargo público, instrumento de amálgama e controle das conquistas por parte do soberano 79 .<br />

Provavelmente, o Rei e sua Corte, se soubessem o que estava por acontecer, principalmente<br />

no que diz respeito a esse aumento de poder ocorrido com a instauração do Reino na América<br />

acrescentando assim maior participação desses homens, não só a lucratividade, mas também suas<br />

atuações nos acontecimentos político-administrativos, mesmo sendo essas participações em alguns<br />

momentos de forma simbólica, o que não tirava destes homens a autoconfiança que estava se<br />

formando, e se tratando da região paulista podemos confirmar na citação de Morse:<br />

77 MALERBA, Jurandir. A Corte no Exílio: civilização e poder no Brasil às vésperas da Independência (1808 – 1822).<br />

São Paulo; Cia. das Letras, 2000. p 202.<br />

78 Idem, p, 203.<br />

79 FAORO, 1987. op. cit. p. 176.<br />

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