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Barão

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contudo, os obstáculos eram muitos, como poderemos notar, principalmente porque a reivindicação<br />

escrava, geralmente se chocava ao direito da propriedade.<br />

A escrava Dorothea Francisca do Nascimento, seu marido João e o proprietário de ambos,<br />

Antonio Beraldo de Azevedo protagonizaram inúmeros capítulos na Justiça.<br />

O primeiro episódio envolvendo esta trama é no processo de autos de depósito de pecúlio,<br />

referente à escrava Dorothea, esta ação ocorreu em doze de maio de 1880.<br />

O promotor público e curador geral de órfãos, Ildefonso de Assis Pinto, de acordo com a<br />

competência que lhe cabe faz o pedido ao escrivão para entregar o pecúlio de cento e trinta e cinco mil<br />

réis (135$000) de Dorothea na Collectoria com a finalidade de obter a liberdade da mesma. O depósito<br />

é realizado na folha 10 do livro de depósito pelo colletor Antonio Bernardino Velloso.<br />

A escrava Dorothea era matriculada desde trinta e um de agosto de 1872, sob o nº 98 de<br />

ordem e 2 na relação, por Sabino Fernandes do Nascimento, seu proprietário.<br />

Ao que apresentamos até o momento, parece ser mais um caso típico de depósito de pecúlio<br />

para a obtenção de liberdade, mas veremos que inúmeros acontecimentos ainda estariam por vir<br />

envolvendo esta escrava. 266<br />

Passados cerca de dois meses do depósito do pecúlio na escrava Dorothea, esta se<br />

encontrava listada para ser liberta pelo fundo de emancipação. Fundo que contava com a importância<br />

de novecentos e quarenta e sete mil réis e duzentos e oitenta e oito contos de reis, e ainda o pecúlio de<br />

cento e trinta e cinco mil réis depositados em seu nome.<br />

Foi a Lei n. 2040 que instituiu o fundo de emancipação dos escravos, a ser constituído nos<br />

municípios, que recebiam recursos do governo imperial para classificar e alforriar os escravos. Porém o<br />

que se viu na prática foi um resultado muito tímido na eliminação da escravidão pelo fundo de<br />

emancipação.<br />

A escrava estava listada no inventário do falecido Sabino Fernandes do Nascimento, mas um<br />

erro ocorrido em sua matrícula dificultou o andamento do processo. Ela havia sido matriculada com o<br />

nome de Eleutéria e classificada no fundo como Dorothea (preta).<br />

Antonio Beraldo do Nascimento, seu atual proprietário, um fazendeiro de café da localidade,<br />

diante do ocorrido é intimado a comprovar se existia outra escrava de nome Dorothea de sua<br />

propriedade, através da comprovação de matrícula, ou se Dorothea é a escrava que foi matriculada<br />

como Eleutéria.<br />

O proprietário reconhece que não existe outra Dorothea, pois era mesmo um erro na matricula,<br />

que ele alega não saber o motivo do engano.<br />

266 Este processo encontra-se no Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto, caixa 17-A do 1º Ofício Cível no<br />

Grupo de Processos Antigos.<br />

191<br />

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