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Barão

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Já era realidade, ou seja, o realismo dos romancistas 24 Aluísio Azevedo, Brás Cubas e Machado<br />

de Assis se faziam presentes no universo cotidiano das personagens femininas. Triângulos amorosos,<br />

maridos traídos se destacam neste momento em que o sentimento anticlerical ganha destaque, é a<br />

faze do romance realista documental, que tem como objetivo mostrar o retrato de uma época. Bertha<br />

Lutz ciente de seu tempo acreditou que o período era oportuno para realizar o projeto idealizado, o qual<br />

era a defesa pela igualdade ente os sexos, a atuação política, o trabalho feminino, família e educação.<br />

Referindo a produção feminina Margareth Rago mostra o trabalho de mulheres nas revistas:<br />

Embora uma imprensa feminina já tivesse nascido por volta de meados do<br />

século 19, em São Paulo,é nas primeiras décadas deste século que se encontram<br />

revistas de maior expressão destinadas a um público feminino e explicitamente<br />

preocupadas em elaborar uma nova subjetividade para a mulher ―moderna‖: A<br />

Mensageira, publicada entre 1897 e 1900, e a Revista Feminina, que circula por<br />

todo o país entre 1914 e 1936.<br />

Tendo como objetivo a emancipação feminina, estas revistas preocupavam-se,<br />

contudo, em enobrecer as funções da mulher consideradas naturais, como a<br />

predestinação para o casamento e a maternidade. Inúmeros artigos desenhavam<br />

progressivamente um ideal de feminilidade que deveria ser atingido pelas jovens em<br />

processo de formação do caráter. 25<br />

A escrita e leitura servem como um termômetro que mede as mais diversas manifestações de<br />

produções do gênero humano. Assim, as personagens femininas ao participaram enquanto editoras e<br />

redatoras de revistas, jornais, livros, estão mostrando e assumindo postos antes ocupados apenas pelo<br />

saber masculino na sociedade.<br />

Artes e mais artes, nas ruas já não havia silêncio, bondes, trens, telefone, lojas de<br />

departamentos, teatros, cassinos, tudo parecia que estava mudando minuto a minuto. Neste<br />

simbolismo de identidades e realidade o grupo feminista promove dialogo com outras organizações no<br />

intuito de ganhar forças. Conforme mostra Margareth Rago:<br />

Nas décadas iniciais do século, as/os anarquistas formulavam uma proposta<br />

de moral sexual e de reorganização da sociedade, que se opunha ao modelo que<br />

então se construía. Tendo em mente a construção de um novo mundo fundado na<br />

abolição da propriedade privada e na justiça social, criticavam a moral burguesa<br />

como hipócrita e utilitária e apontavam para os rumos de sua superação. A seu<br />

modo, também as/os anarquistas criticavam as relações sociais e sexuais vigentes,<br />

apontando para as alternativas libertárias possíveis. 26<br />

24 Cf. MAGALDI, A. M. B. Mulheres no Mundo da Casa: imagens femininas nos romances de Machado de Assis e<br />

Aluizio de Azevedo. In: COSTA. A. O; BRUSCHINI, C. (Orgs.). Entre a virtude e o pecado. Rio de Janeiro: Rosa dos<br />

Tempos: São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1992, p.57-87.<br />

25 RAGO, M. Imagens da Prostituição na Belle Époque Paulistana. In: Cadernos Pagu. Unicamp. Disponível em:<br />

Acesso em: 26 jul. 2008, p.37.<br />

26 RAGO, M. Adeus ao feminismo? Feminismo e (pós)modernidade no Brasil. In: CADERNOS DO ARQUIVO EDGAR<br />

LEUENROTH, v.3 n.3, 1997, p.26. Em, Do cabaré ao lar Margareth Rago coloca: “As denúncias que a imprensa<br />

operária publica sobre a exploração do trabalho da mulher apela, em primeiro lugar, para o problema moral da<br />

sexualidade e par os obstáculos a realização da função materna. [...] Além disso, critica-se a ameaça sexual<br />

Jorge Luiz de França 113

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