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Barão

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D‘Incao acredita que num certo sentido, os homens eram muito dependentes da imagem que ―suas<br />

mulheres pudessem traduzir para o restante das pessoas de seu grupo de convívio‖. Portanto, tais<br />

mulheres ―significavam um capital simbólico importante, embora a autoridade familiar se mantivesse em<br />

mãos masculinas, do pai ou do marido‖. 447<br />

A submissão persistiu tomando contornos peculiares, como a diminuição da<br />

reclusão e o exercício de atividades sociais como anfitriã, quando a família se urbaniza.<br />

Resistiu, ainda, quando o sistema patriarcal entrou em decadência, com a redução do<br />

âmbito do poder do chefe masculino. Mesmo assim, o homem continuava a controlar o<br />

elemento feminino, não mais na condição do patriarca, mas na função de provedor do<br />

sustento da família. 448<br />

Desde a Revolução, a negação de certos privilégios impõe ao vestuário masculino certa sobriedade<br />

e é no corpo das mulheres, esposas ou amantes –através de seu porte diferenciado e do traje requintado –<br />

que se ostentavam o sucesso ou a pretensão do ambiciosos. Diane Crane delineia bem o papel do<br />

vestuário feminino nesse contexto quando cita que ―o papel ideal da mulher de classe alta, que não devia<br />

trabalhar nem dentro nem fora de casa, refletia-se na natureza ornamental e nada prática do estilo das<br />

roupas da moda.‖ 449 E ainda, ―o ócio aristocrático era considerado a atividade apropriada para as mulheres<br />

casadas [...] Ao lhes ser negado efetivamente tudo, as mulheres era frequentemente identificadas de<br />

acordo com suas roupas‖. 450<br />

Partindo de uma perspectiva da Sociologia Estética, Gilda de Mello e Souza 451 , analisa o fenômeno<br />

social da moda feminina no século XIX, momento em que a vestimenta passou a ser um instrumento para<br />

a conquista do casamento, único vinculo de prestígio para a ascensão da mulher.<br />

Os estilos em voga originários de Paris consistiam em trajes compostos por diversas peças<br />

separadas que demandavam enormes quantidades de tecido e os ornamentos eram elaborados e<br />

complicados. Essas roupas constringiam o corpo e dificultavam qualquer forma de movimento. Cada<br />

ocasião demandava um vestido específico, exigindo mudanças constantes no guarda-roupa. ―Esses estilos<br />

simbolizavam a exclusão das mulheres de ocupações masculinas e sua dependência econômica dos<br />

maridos ou parentes do sexo masculino‖. 452<br />

447 D‟INCAO, Maria Ângela. Mulher e Família burguesa... Op. cit., p.229.<br />

448 INNOCENTI, Thaís Ferras de Barros Pimentel. Dona Veridiana Valéria da Silva Prado... Op. cit., p. 19.<br />

449 CRANE, Diane. A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas; tradução Cristiana Coimbra. São<br />

Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006, p.49.<br />

450 Idem, p. 199.<br />

451 SOUZA, Gilda de Mello. O espírito das roupas... Op. cit., p.57.<br />

452 Idem, p.200.<br />

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