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Barão

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Antes de pontuarmos um pouco sobre a atuação desta personagem, cabe aqui salientar que<br />

após seu falecimento, a sua memória ficou velada na vitrine da história local, passando quase que<br />

despercebida na escrita e oralidade da maioria dos seus contemporâneos.<br />

Pelo pouco que encontramos a respeito da atuação de Monteiro, percebemos que esta foi à voz<br />

mais ativa para defender o feminismo em Ribeirão Preto. Nos anos anteriores a 1918 como veremos no<br />

decorrer da narrativa, as poucas referências que tratavam do universo feminino aludiam a questões<br />

disciplinares, piadas, curiosidades e/ou assuntos de ordenamento do espaço público.<br />

Esther era consciente da qualificação da mulher diante dos homens. Todavia, a autora mostrava<br />

que existia um tradicionalismo costumeiro na pequena Petit Paris 25 , a qual não permitia participação<br />

total das mulheres nas camadas da sociedade. Suas palavras evidenciavam as insatisfações femininas<br />

para com a falta de oportunidades educativas e a não participação na esfera pública, neste caso<br />

entendemos como atuação política.<br />

Partindo da morte da escritora, pretendemos aproximar um pouco da história e cultura local do<br />

período em estudo. Deste modo, apresentamos o terceiro artigo de Esther Monteiro publicado no Jornal<br />

a Cidade, em nota intitulada: ―A Mulher‖, a referida autora escreve em tom de desabafo contra um<br />

possível jornalista/moralista, que a atacará severamente na escrita, por ter ela publicado uma nota em<br />

que defendia a educação escolar a todas as mulheres, independente da classe social e financeira. Ao<br />

ressaltar que o grupo feminino também poderia participar dos diversos meios da sociedade, a autora<br />

esta colocando em tela de juízo a quebra do modelo idealizado pela República e por adeptos do<br />

positivismo. Tais ordens políticas e teóricas ressaltam o papel da mulher como educadora da moral e<br />

civilização, porém, não enquanto atuante das decisões civis. Frente às adversidades a jovem jornalista<br />

expõe:<br />

Lamentando profundamente, que o meu jovem e intelligente collega, em<br />

completo desaccordo com as minhas ideas, proteste contra a liberdade da mulher,<br />

causa de minha preoucpação constante, venho novamente tratar desse assumpto.<br />

Meu caro collega, rumorejando como vós, ainda sem a competencia que vos é<br />

peculiar, nas lides jornalisticas, em favor dos direitos da mulher, não tenho por<br />

“a mulher com o auxílio de uma instrução séria e reflectila pode ser iniciada em todos os estudos que pertencem<br />

aos homens, para os poder compreender e escutar com prazer, e ainda mais, para saber soffrer as adversidade e<br />

ajudar os seus a supporta-las”. Complementa escrevendo que não deseja usurpar os direitos dos homens, mas sim<br />

que a mulher saiba se “revestir de sua dignidade pessoal”. Esses três artigos são significativos porque<br />

demonstram que a influência européia não se restringia aos costumes sociais, mas também às lutas pelos direitos<br />

sociais. Esses artigos foram os únicos publicados no jornal da época. Em outubro de 1918, durante a epidemia da<br />

Gripe Espanhola, um jornalista escreveu um artigo cujo título é “Uma inesquecível amiga”, lamenta-se pela morte<br />

da amiga Esther. Concluímos que se tratava de Esther S. Monteiro.<br />

Segundo informações, Esther S. Monteiro, escritora, parece ter sido vítima da gripe espanhola, epidemia que<br />

grassou um número muito grande de pessoas na época”. Ver: TUON, L. O cotidiano cultural em Ribeirão Preto (1880-<br />

1920)... Op. Cit., p.108-110.<br />

25 [...] o título de Petit Paris que a urbe recebera de ilustres visitantes. [...] escritas por Martinho Botelho sobre<br />

Ribeirão Preto. PAZIANI, R. R. Construindo a Petit Paris... Op. Cit., p.69.<br />

Imprensa feminista na Ribeirão Preto de 1918-1914 163

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