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Barão

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Seu dândi é um protesto contra o nivelamento da vida imposta pela nova classe<br />

no poder, a burguesia – uma figura trágico-anacrônica da modernidade: ―o último rasgo<br />

de heroísmo nas decadências‖. Protesta contra a depreciação de todos os ideais<br />

aristocráticos – honra, erudição, elegância, generosidade, etc; luta contra as correntes<br />

mais poderosas de sua época. 394<br />

Para Baudelaire, o dândi ―não aspira ao dinheiro como a uma coisa essencial; ele deixa essa<br />

grosseira paixão aos vulgares mortais‖ 395 . O dandismo era uma busca de distinção em uma sociedade<br />

cujas relações tornavam-se cada vez mais impessoais e massificadas:<br />

[...] O dandismo não é sequer, como parecem acreditar muitas pessoas pouco<br />

sensatas, um amor desmesurado pela indumentária e pela elegância física. Para o<br />

perfeito dândi essas coisas são apenas um símbolo da superioridade aristocrática de<br />

seu espírito. Por isso, a seus olhos ávidos antes de tudo por distinção, a perfeição da<br />

indumentária consiste na simplicidade absoluta, o que é, efetivamente, a melhor maneira<br />

de se distinguir [...] É antes de tudo a necessidade ardente de alcançar uma<br />

originalidade dentro dos limites exteriores das conveniências. É uma espécie de culto de<br />

si mesmo, que pode sobreviver à busca da felicidade [...] É o prazer de provocar<br />

admiração e a satisfação orgulhosa de jamais ficar admirado [...]. 396<br />

Baudelaire acredita que a vida moderna é detentora de uma beleza peculiar e autêntica, no entanto,<br />

inseparável de sua miséria e ansiedade intrínsecas, e é inseparável das contas que o homem moderno tem<br />

de pagar. Desta forma, a idéia da modernização - apoiada em uma ideologia de modernismo em<br />

desenvolvimento - neutralizou as forças anárquicas e explosivas que a modernização urbana, outrora,<br />

havia reunido. A trágica ironia do urbanismo modernista era a de que seu triunfo ajudou a destruir a<br />

verdadeira vida urbana que ele um dia almejou libertar.<br />

1.3 – A Belle Époque carioca<br />

A Belle Époque no Brasil caracterizou-se pelo fortalecimento político da República, o crescimento<br />

econômico e a expansão dos centros urbanos, em especial, o Rio de Janeiro. Em fins do século XIX e<br />

394 MENEZES, Marco Antonio de. O poeta Baudelaire e suas máscaras: boêmio, dândi, flâneur. Uberlândia: Revista<br />

Fato&Versões. Faculdade Católica de Uberlândia, ISSN 1983-1293, n.1, v.1, p. 64-81, 2009.<br />

395 BAUDELAIRE, Charles. Sobre a modernidade... Op. cit., p. 48.<br />

396 BAUDELAIRE, Charles. Sobre a modernidade... Op. cit., p.49.<br />

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