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Barão

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Georg Simmel 374 é considerado um dos pensadores clássicos sobre a moda, para analisar esse<br />

fenômeno, parte de ―princípios antagônicos‖ que considera existente no ser humano: por um lado, têm-se a<br />

busca humana por segurança, coesão social e estabilidade. Por outro, há o desejo pelo mutável, pela<br />

distinção e pelo novo. Nesse contexto, a moda passa a ser significativa porque, dotada ao mesmo tempo<br />

de um conteúdo em constante transformação e de caráter classista e distintivo, ela seria capaz de<br />

satisfazer tanto a necessidade de aprovação social - na medida em que ela prevê a imitação e ―conduz o<br />

indivíduo às trilhas que todos seguem‖ -, quanto a necessidade de diferenciação individual, bem como a<br />

tendência à mudança.<br />

Para Walter Benjamin 375 , um dos autores da Escola de Frankfurt, a moda é um processo histórico<br />

e social, um sistema organizado que prevê a mudança periódica do modo de vestir de grupos sociais e de<br />

indivíduos. Podemos considerar o século XIX o século da modernidade, é o século da industrialização, das<br />

revoluções políticas e econômicas, da urbanização, das massas. E a moda não poderia ter se<br />

desenvolvido em outro ambiente.<br />

Podemos considerar, portanto, o século XIX como o século da modernidade, nele ocorreram<br />

―revoluções‖ políticas e econômicas iniciadas no século XVIII. É ainda o século da industrialização, da<br />

urbanização, das massas, do desenvolvimento da sociologia e da difusão de novas idéias. E a moda não<br />

poderia ter se desenvolvido noutro contexto.<br />

Diane Crane 376 afirma que o vestuário pode revelar não apenas a classe social e o gênero, mas<br />

também a afiliação religiosa, bem como outras informações significativas. Contudo, em alguns espaços<br />

públicos as pessoas – em específico, as mulheres - deviam apresentar-se de acordo com regras ―pré-<br />

estabelecidas‖, como era o caso das Igrejas.<br />

[...] Segundo o Gênesis, foi por causa da mulher – Eva – que a dor e o sofrimento<br />

ingressaram no mundo. É preciso impor-lhe o silêncio. ―Uma mulher não deve falar nas<br />

assembléias‖, diz São Paulo na Epístola aos Coríntios. Os padres da igreja rejeitam a<br />

sexualidade e a carne como impuras e corruptoras [...] A mulher é assimilada ao pecado:<br />

uma tentadora [...] o véu é adotado pelo cristianismo como marca do pudor feminino e<br />

tornado obrigatório para as religiosas, consagradas à virgindade. [...] o véu tem uma<br />

história mais longa e um significado muito mais vasto: é o instrumento e o símbolo da<br />

374 SIMMEL, George. Da psicologia da moda: um estudo sociológico. In: SOUZA, J. OËJZE, B. (orgs). Simmel e a<br />

Modernidade. Brasília: Editora UNB, 1998. Apud: MICHETTI, Miqueli. A lógica social da moda..., Op cit, p. 20.<br />

375 BENJAMIN, Walter. Paris Capital do século XIX. In: KOTHE, F. (org) Walter Benjamin. Sao Paulo: Ática, 1991. Apud:<br />

MICHETTI, Miqueli. A lógica social da moda..., Op cit, p. 74.<br />

376 CRANE, Diane. A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas; tradução Cristiana Coimbra. São<br />

Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006, p.25.<br />

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