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Barão

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A Igreja Católica vem ao longo do tempo influenciando na política de governos e Estados. No século<br />

XX contudo, sua atuação apresenta uma característica peculiar. Afora os ―cristãos primitivos‖, ou seja,<br />

após a Igreja Católica ter-se consolidado como instituição regular na sociedade, sua atuação política<br />

esteve restrita a influência, manipulação e controle direto de reis e governantes, ações exercidas nos<br />

mais diferentes tipos de governo e executadas pelo alto clero. Porém, como comentado anteriormente,<br />

no século XX, mais precisamente no pós guerra, ocorreu uma transformação no seio da Igreja Católica<br />

que lhe proporcionou uma nova linha de atuação, não em substituição a sua atuação tradicional acima<br />

citada, mas somando-se a ela, apesar dessas atuações serem muitas vezes contrárias. Esta nova<br />

postura consistia na ação de bispos e padres de uma ala progressista da Igreja Católica junto as<br />

camadas populares e oprimidas, não só com o trabalho de evangelização, mas de conscientização<br />

política e social, procurando muitas vezes, de forma até mesmo revolucionária, a libertação material<br />

das classes oprimidas.<br />

Sobre este tema destacam-se duas correntes de pensamento histórico que procuram entender esse<br />

novo posicionamento da Igreja. Uma dessas correntes ligada a História Política Tradicional, procura<br />

centrar nas figuras do Papa João XXIII e do Papa Paulo VI a responsabilidade pelas transformações.<br />

Para este seguimento, o ato de convocação do Concílio Vaticano II realizado pelo Papa João XXIII ( o<br />

Papa dos pobres) foi o estopim de todo processo de transformação da Igreja Católica; com a morte<br />

deste e a ascensão do Papa Paulo VI e suas intervenções diretas nos trabalhos do Concílio, Paulo VI<br />

transforma-se na figura central e mais importante de todo processo de transformação. Na América<br />

Latina, principal local onde as teorias transformaram-se em práticas, a análise deste grupo de<br />

historiadores compreendem a Reunião dos Bispos em Medellin (1968) como o equivalente, no âmbito<br />

da motivação das transformações, ao Concílio Vaticano II. Pode-se dizer que este grupo de<br />

pensadores entendem que as transformações ocorreram de forma gravitacional, ou seja, do alto para<br />

baixo, e teriam sido arquitetadas e executadas por indivíduos. Esse grupo de historiadores também<br />

possuíam um elo de ligação com a Igreja Católica, pode-se citar como exemplo as obras de Michael<br />

Chinigo, Rudolf Fischer Wollpert, Daniel Rops e Mons. Francisco Bastos 19<br />

Uma outra corrente de pensamento que, apesar de não desmerecer a importância das figuras dos<br />

Papas e de alguns bispos, compreendem o processo de forma diferente. Este grupo entende o Concílio<br />

Vaticano II e a Reunião dos Bispos em Medellin como instrumentos que serviram para legitimar e<br />

legalizar as transformações que já estavam ocorrendo dentro da Igreja Católica e das comunidades<br />

19 A visão de primacia dos Papas no processo histórico relacionado ao Concílio Vaticano Ipodem ser encontradas em:<br />

ROPS, Daniel. Vaticano II. O concílio de João XXIII. Trad. Madalena de Castro. Porto: Livraria Tavares Martins, 1962;<br />

BASTOS, Mons. Francisco. Abusos e erros sobre a fé à sombra do Vaticano II. São Paulo: Edições Loyola, 1980;<br />

CHINIGO, Michael (Org.) Os ensinamentos de João XXIII. Trad. Pe. José Marins. São Paulo: Melhoramentos, 1965 e<br />

WOLLPERT, Rudolf Fischer. Léxico dos Papas. Trad. Antônio Estevão Allgayer. Petrópolis: Vozes, 1991.<br />

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