Barão

A primeira grande indústria a ser fundada, ainda no período do café, foi a Companhia
Cervejaria Antarctica Paulista, uma filial da Indústria Brasileira de Bebidas e Conexos (IBBC), com sede
em São Paulo. Foi inaugurada em agosto 1911, instalada na Vila Tibério, próximo ao centro da cidade,
com cerca de 200 funcionários. Por ser a maior unidade do interior do estado, tal fábrica emprestou à
Ribeirão o título de Capital da Cerveja.
No início, a chegada desta empresa não foi muito bem vista pela população, pois uma
empresa de fora estava lucrando com a economia local. Porém, por muito tempo, foi à principal
contribuinte dos cofres públicos.
Em concorrência, no dia 18 de abril de 1914, foi fundada a Companhia Cervejaria Paulista,
que teve por fundadores o advogado João Alves Meira Júnior, Albano de Carvalho Antônio Pagano, o
químico industrial José Rossi e o fabricante Hans Schehols, com seu auxiliar João Pontim. O discurso
dos fundadores indicava o intuito de aplicar os lucros no município, diferentemente da Cervejaria
Antarctica Paulista, que o estava levando embora da cidade.
O arcaico e o moderno se misturavam, costumes tão rurais estavam sendo modificados pelo
progresso da cidade e o que antes eram apenas enxadas e braços estavam se rendendo as luzes da
modernidade, privilégio de uma pequena parcela desta elite ―rurbana‖ que financiava as belas e
imponentes construções.
Porém, a grande locomotiva dessa cidade eram os trabalhadores, que com suas diversas
habilidades geravam condições de transformar Ribeirão em uma referência nacional. Em 1913, os
ofícios encontrados na cidade eram: alfaiates, advogados, arquitetos, barbeiros, curandeiros,
cirurgiões, engraxates, fotógrafos, modista, ourives, parteiras, sapateiros e serralheiros; Dentre as
industriais temos fábricas de cigarro, cerveja, sabão, cadeiras, sapatos, massas, carroças e
beneficiamento de açúcar e arroz, que juntas ocupavam grande número de operários. Alguns
empreendedores também fazem parte deste contexto, como por exemplo François de Cassoulet, o Rei
da Noite da Belle Époque.
Ao longo deste capítulo aspectos da urbanização de Ribeirão Preto foram sendo
gradativamente revelados, apresentamos, por exemplo, qual foi o modelo utilizado para o arruamento
da cidade, fizemos um breve comentário sobre os códigos de postura, citamos problemas enfrentados
por seus moradores com as epidemias e as enchentes. Mostramos as novas profissões trazidas pela
urbanização e algumas obras que modificaram o aspecto da Petit Paris Caipira.
No terceiro capítulo vamos delinear as influências da modernidade em nossas terras, tendo
enquanto ícones o cinema, a vida noturna e o futebol.
246
246