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Barão

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E no Brasil hein? A vida social ia bem? Aqui, também se mergulhava grandes transformações,<br />

das quais eram passiveis de serem percebidas nas artes do: ―Cinema Novo‖ a ―Tropicália‖, nas peças<br />

teatrais como "Roda Viva" e/ou "O Rei da Vela". Porém, no universo social da juventude brasileira, as<br />

modificações da década de 60 foram mais ligadas a questões políticas e de repressão, em virtude do<br />

golpe militar (1964-1989).<br />

Freqüentemente associam-se os anos da década de 1960 com os termos: "subversão",<br />

"revolução continuada" e "sociedade do espetáculo", mas, sobretudo com "rebeliões estudantis".<br />

Contudo isso, diante das expressivas realizações de revoltas era claras a evidência de que a década<br />

de 60 se aludia a movimentos de agitações, estudantis, trabalhistas e dos gêneros. Enfim, eram<br />

momentos de grandes turbulências internacionais. De tudo isso, o historiador Eric Hobsbawm enfatiza:<br />

―[...] as rebeliões estudantis pareceram realizar seu potencial de detonar a revolução, ou pelo menos<br />

forças governos a tratá-los como um serio perigo público, massacrando em grande escala [...]‖ 6 .<br />

Nesta aspiração de narrar às modificações sociais e culturais vivenciadas no Ocidente no<br />

percurso do século XX, salientamos que tais alterações não ficaram apenas nas questões de ordem<br />

política. Houve, uma grande giro de novidades tecnológicas, industriais, proporcionadas em grande<br />

monta pelas práticas revolucionarias da ciência moderna e dos grandes centros educacionais.<br />

Das vastas alterações realizadas neste período, destacamos por intermédio da obra organizada<br />

por Jean-Louis Flandrin e Massimo Montanari a inovação alimentar desenvolvidas na metade do século<br />

XX, as quais proporcionaram novos hábitos e comportamentos entre as mais diversas sociedades:<br />

[...] a partir dos anos 60, espalham-se os supermercados, assim como o carro,<br />

a televisão, o lazer, a elevação do nível de vida e de educação. Essa revolução da<br />

distribuição em grande escala tem conseqüências pelo menos tão importantes<br />

quanto a industrialização da produção agroalimentar, que, por isso, acaba passando<br />

por uma considerável inflexão. Com efeito, a alimentação torna-se, propriamente<br />

falando, um mercado de consumo de massa: a partir de então processa-se como<br />

produto altamente transformado por procedimentos industriais de vanguarda. [...] O<br />

crescente acesso das mulheres, nos países mais desenvolvidos do Ocidente, à<br />

atividade profissional, torna precioso o tempo domestico, tanto mais que os homens<br />

não têm, de modo algum, uma participação maior do que anteriormente nas tarefas<br />

de casa. 7<br />

Essa evolução gastronômica proporcionou novas vivências cotidianas seja na esfera da vida<br />

familiar ou pública, com o surgimento de aparelhos eletrodomésticos como: liquidificador, televisão,<br />

máquina de lavar, torradeira, aspirador de pó... Enfim, o uso da tecnologia na vida cotidiana refletia um<br />

modo de vida, um ideal de felicidade inspirado na sociedade consumista surgida nos Estados Unidos<br />

6 HOBSBAWN, E. J. Era dos Extremos... Op. Cit., p.293.<br />

7 FISCBLER, C. A “McDonaldização dos costumes. In: FLANDRIN, J.L.; MONTANARI, M. (Org.). História da<br />

alimentação. Trad. Luciano Vieira Machado; Guilherme J. F. Teixeira. São Paulo: Estação Liberdade, 1998, p.846-847.<br />

Jorge Luiz de França 92

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