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Barão

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aciocínio, Gilda tece um comentário sobre a mudança de algumas peças do vestuário feminino, e suas<br />

respectivas funções:<br />

[...] A nova era que se abre com a Revoluçao Francesa despreza, juntamente com<br />

todos os outros símbolos de classe, este elemento poderoso de distinção [...] Mas de<br />

1830 em diante, rompendo o círculo restrito das elegantes, o espartilho começa a ser<br />

usado pelas mulheres dos níveis mais diversos, ligando a sua história à ascensão da<br />

burguesia e à difusão das idéias democráticas.<br />

A saia-balão e a crinolina são outros dois símbolos de classe que, alcançando o<br />

seu exagero máximo justamente no período em que as estradas de ferro incrementavam<br />

as viagens, mostram como coerência e comodidade são elementos estranhos à moda<br />

feminina. Ambas tolhiam sobremodo os movimentos [...] e só por milagre cabiam nas<br />

acomodações exíguas dos trens.<br />

Na virada do século XIX para o século XX, os modistas franceses responderam lentamente às<br />

mudanças que tomavam corpo no estilo de vida das mulheres das classes alta e média. Seus estilos de<br />

vestuário expressavam as concepções francesas de como a mulher burguesa deveria se comportar. O<br />

estilo que estava em voga em Paris consistia em uma silhueta rígida e majestosa, alcançada através do<br />

uso de espartilhos. 467 Diane Creane salienta muito bem a função do vestuário feminino da época:<br />

[...] Por serem originários da França, os estilos de moda feminina se identificavam<br />

bastante com um grupo específico de valores concernentes ao papel da mulher,<br />

particularmente o papel ideal da matrona burguesa francesa. Esse tipo de roupa<br />

indicava que a mulher que a usava tinha criados e não precisava desempenhar tarefas<br />

domésticas ou trabalhar fora de casa [...] As roupas femininas consideradas elegantes<br />

na época eram excepcionalmente restritivas e ornamentais. A composição nada prática<br />

desse vestuário compreendeu, em diversos períodos, corpetes firmemente amarrados,<br />

crinolinas volumosas e longas caudas, que impediam até mesmo ações corriqueiras,<br />

como subir escadas e andar pela rua, e que eram prejudiciais à saúde da mulher. 468<br />

A silhueta majestosa se caracterizava pela linha em ―S‖ ou ―ampulheta‖ da silhueta feminina, dando<br />

ênfase às curvas, o vestido sublinhava e realçava o busto – o espartilho o projetava para frente -, arqueava<br />

os quadris e contraía o ventre. Formava uma silhueta antinatural, pautada, portanto, na concepção de que<br />

a vaidade exigia sacrifícios e de que a beleza corporal era um atributo apreciado.<br />

FIGURA 19 – A silhueta antinatural em linha “S” e/ou ampulheta<br />

467 FRAISSE, Geneviève; PERROT, Michelle. História das Mulheres no Ocidente... Op. cit., p.218.<br />

468 CRANE, Diane. A moda e seu papel social... Op. cit., p.69-70.<br />

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