Barão

19/05/1984 – Acordo de Guariba entre usineiros e cortadores de cana será
aplicado em todo o Estado de São Paulo. Os secretários de Estado de Relações de
Trabalho Almir Pazzianoto Pinto e Roberto Gusmão mediaram um acordo entre
usineiros e trabalhadores rurais. [...] Em Sertãozinho, 3.500 trabalhadores estavam
em greve [...] O acordo foi assinado em documento: os dirigentes sindicais
patronais e empresários abaixo assinados, através desse documento, dão
excelência ao Governo do Estado de São Paulo que, nesta data, ratificam por
inteiro os termos do acordo coletivo de trabalho celebrado na data de ontem no
Sindicato Rural de Jaboticabal, entre dirigentes sindicais patronais e empresários
dos setores canavieiro, açucareiro e alcooleiro, o qual passa, assim, a ter a sua
abrangência em todo o Estado de São Paulo. Queremos, desta maneira, dar início
a safra de 1984, atendendo as reivindicações dos trabalhadores rurais deste setor e
contribuindo para que o trabalho neste período se desenvolva dentro de um clima
da mais absoluta tranqüilidade. Neste termos, assinam o presente documento. [...]
Para que este documento fosse homologado, foi formalizado junto a FAESP e a
FETAESP, entidades representativas das suas partes – usineiros e cortadores de
cana. [...] pela primeira vez, representantes das duas classes se reuniram para
negociarem reivindicações salariais. 936
Simultaneamente, em outras cidades, os movimentos e as paralisações foram se expandindo
e, em Monte Alto, por exemplo, ocorreu depredações e saques no mercado central da cidade. Mais de
3.000 trabalhadores entraram em greve, e as três usinas da região se negavam a negociar com os
trabalhadores e a conceder os benefícios. Houve protesto também em Monte Azul Paulista, Barrinha,
Taquaritinga e Piranji.
Eles viram pela televisão o movimento em Guariba e resolveram imitá-lo. Em
Barrinha quatro mil pararam e em Taquaritinga mil e quinhentos trabalhadores
entraram em greve, segundo Benedito Magalhães, presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Jaboticabal e Guariba. 937
Com o acordo assinado, a greve de Bebedouro teve seu fim, e os apanhadores de laranja
conseguiram um aumento da caixa colhida, de CR$60,00 para CR$210,00, incluindo registro em
carteira, descanso semanal remunerado e férias, 13º salário e indenização, mais um comprovante da
quantidade de caixas por eles colhidas. Além disso, o proprietário deveria apresentar o pomar limpo no
início da colheita, e era ele quem forneceria todos os instrumentos – sacolas, alicates, escadas, entre
outros – quando essas ferramentas quebrassem, por força do trabalho, seu valor não poderia ser
descontado do salário do bóia fria. Medicamentos de primeiros socorros deveriam existir no local de
936 Idem, 19/05/1984, manchete principal.
937 Idem, 19/05/1984, p. 14.