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Barão

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Em relação à dominação senhorial, Lara acredita que esta deva se fazer através da disciplina.<br />

"Assim como se ministravam os sacramentos para ordenar a consciência, ministravam-se castigos para<br />

ordenar e disciplinar o corpo dos escravos para o trabalho". 145 Entretanto, quando os senhores<br />

aplicavam os castigos, estes deveriam ser moderados para que pudessem ser considerados corretivos<br />

e ao castigá-los, coerentemente, os senhores não deveriam maltratá-los e nem possuir a intenção de<br />

matá-los e quando feridos, o senhor deveria curá-los. 146 Pois, de acordo com a autora, os escravos em<br />

muitas ocasiões não contestavam o castigo em si, mas sim seu excesso.<br />

Portanto, a manutenção de um ―castigo exemplar‖ podia se tornar um meio de prevenir<br />

rebeliões, amedrontar possíveis faltosos, ensinando o que era ser um escravo, ou seja, funcionava<br />

como uma estratégia senhorial. 147<br />

Campos da violência acabou se tornado uma alternativa à análise macroscópica da violência,<br />

chamando a atenção para fenômenos até então não evidenciados, mostrando a resistência<br />

particularizada dos atos dos escravos no seio do escravismo. Sílvia Hunold Lara esclarece, de uma vez<br />

por todas, acerca do equívoco das análises centradas apenas na violência mais aparente.<br />

Na crítica bibliográfica feita pela autora podemos notar que a violência do escravismo não pode<br />

ser analisada de maneira unilateral nem baseada em juízos de valores, sem que se leve em conta à<br />

violência, inerente das relações escravistas como um todo.<br />

João José Reis e Eduardo Silva na obra Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil<br />

escravista, procuram demonstrar que: ―O personagem central deste livro é o escravo. O enredo é sua<br />

resistência permanente a ser um mero objeto nas malhas do sistema. É a história de homens e<br />

mulheres vivendo seus limites‖. 148 Esta, portanto, é mais uma obra da ―nova‖ historiografia brasileira<br />

que se prontifica a fazer uma releitura do período da escravidão no Brasil, assim como corrigir e<br />

desmistificar possíveis incongruências produzidas a respeito da atuação dos escravos durante a<br />

vigência da instituição escravidão no país.<br />

Para os autores, os escravos muito mais do que participarem abertamente contra o regime<br />

escravocrata, eles participaram constantemente de negociações a fim de conquistar alguns direitos<br />

para uma condição mínima de sobrevivência. Contudo, cabe salientar que negociar não tem nada a ver<br />

com a vigência de relações harmoniosas, em alguns casos ela se dá principalmente por causa das<br />

relações idílicas entre os senhores e escravos. Reis e Silva partem do pressuposto que:<br />

145 Idem., p. 54<br />

146 Idem., p. 60<br />

147 Idem., p. 96<br />

148 REIS, João José e SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo:<br />

Companhia das Letras, 1989. p. 7.<br />

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