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Barão

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Na zona rural o divertimento ficava, na maioria das vezes, por conta dos casamentos,<br />

batizados e quermesses. Com a chegada dos imigrantes, os armazéns das fazendas passaram a ser a<br />

distração de seus moradores.<br />

[...] os colonos ficavam nas imediações da fazenda, os homens nas vendas,<br />

jogando carta, bebendo cerveja e conversando. As mulheres e as crianças ficavam<br />

no pátio brincando, rezando ou conversando. 337<br />

Em Ribeirão Preto, graças à energia elétrica, os divertimentos deixaram de acontecer<br />

somente no período da manhã ou da tarde, e alguns estabelecimentos comerciais funcionavam,<br />

aproximadamente, até as 21 horas.<br />

Embora Ribeirão Preto já contasse com iluminação pública a gás e<br />

querosene, desde 1883, esta se limitava a alguns trechos de ruas, precária e muito<br />

limitada, dificultando o investimento em atividades noturnas. Foi apenas a partir de<br />

1889, com o advento da energia elétrica, as principais ruas e praças começaram a<br />

ser devidamente iluminadas, propiciando a circulação de pessoas e abertura dos<br />

primeiros estabelecimentos noturnos, similares a bares e cafés cantantes. 338<br />

Quando falamos de lazer e vida noturna na Belle Époque ribeirão-pretana, não podemos nos<br />

esquecer de citar a presença de François de Cassoulet por essas terras. Grande empreendedor soube<br />

observar as ―necessidades‖ e os desejos dos coronéis do café.<br />

A trajetória percorrida por Cassoulet apresenta-se eivada de lacunas na<br />

documentação e de mitificações mnemônicas [...] chegavam a afirmar que de fato<br />

ele não teria existido, sendo apenas uma criação da memória local ou um<br />

pseudônimo de outra pessoa. [...] pode ser constatado que F. Cassoulet realmente<br />

existiu, possuiu alguns imóveis, morreu e foi sepultado em Ribeirão Preto. 339<br />

Segundo Maria Benedita da Silva, as origens desta crença de que François de Cassoulet não<br />

existiu estão relacionadas à versão de que ele era um ―testa de ferro‖ dos ricos coronéis do café, que<br />

se sentiam constrangidos por estarem à frente de negócios ligados à prostituição. Recriada na memória<br />

popular, esta versão passou a afirmar que ele não teria existido e, na verdade era o pseudônimo de um<br />

dos barões do café, que a noite assumiria uma falsa identidade para dirigir os cabarés.<br />

337 VEIGA, Christiane de Morais. A Capital do chope: Mudanças nos hábitos culturais (1910-1940). Monografia de<br />

Conclusão de Curso. Centro Universitário <strong>Barão</strong> de Mauá. 2005. p.32.<br />

338 SILVA, Benedita Luiza da. O Rei da noite no Eldorado Paulista : François Cassoulet e os entretenimentos noturnos<br />

em Ribeirão Preto (1880 – 1930). Franca: Dissertação (Mestrado - História), FHDSS, UNESP. p. 91.<br />

339 Ibidem, p. 43.<br />

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