Barão

de isolamento de leprosos, um cemitério e um matadouro, que após várias mudanças por motivo de
saúde pública são localizados longe do centro. 703
Outra análise importante que nos levou a conhecer melhor o passado da cidade e sua relação
com os três primeiros cemitérios é a análise quantitativa e qualitativa dos óbitos, como se morria, quem
morria e de que males morriam os primeiros habitantes da próspera capital do café.
As causas das mortes eram variadas e ao mesmo tempo registradas de diferentes formas no
livros paroquiais de óbitos, sendo que num período relativamente grande ( 1877 a 1888) não há
nenhum registro da causa da morte, o que dificulta a pesquisa nessa questão.
Os registros de óbitos eram também descritos de formas diferentes de acordo com o pároco da
época, alguns com maiores detalhes do falecido e de sua situação social e também de sua causa da
morte.
As principais causas apontadas nos livros de óbitos são as febres e doenças em crianças com
menos de um ano de idade, como moléstias do umbigo, inviabilidade, morte no nascimento, bronquite,
dentição, entre outras, o que se comprova na análise de óbitos por dados de faixa etária.
Apesar do grande número de registros sem as causae mortis, podemos constatar as
transformações ocorridas diante da morte e do morrer na cidade através da progressiva secularização
das atitudes relativas à morte, os registros dos óbitos vão com o passar dos anos identificando melhor
os mortos, suas causas, as fatalidades que o levaram ao óbito, se receberam socorros espirituais; os
sacramentos com a presença do padre no momento da morte caracterizando a importância da religião
e a mudança de local do cemitério.
A assistência médica também ressalta a importância da figura do médico na sociedade nessa
época, a falta de recursos e médicos com diagnósticos precisos e voltamos aos dias atuais, quando
ainda muitos brasileiros morrem em hospitais públicos sem a devida assistência médica.
Outro fator interessante, é que mesmo após a secularização dos cemitérios que já havia
ocorrido em todo o Brasil com a chegada da República, os registros continuam a ser feitos pelo vigário
da matriz, no livro de óbitos paroquial. Mesmo a nossa pesquisa sendo realizada até a menção de
enterro no cemitério municipal, percebemos que os registros continuam até o ano de 1895, quando o
cemitério da Saudade já estava em funcionamento.
Este cemitério, sendo o primeiro cemitério municipal, mesmo encontrando-se totalmente lotado
permanece na memória da população e é um verdadeiro museu a céu aberto, já os primeiros
cemitérios, nem a memória lhes restou. Muitas pessoas nascidas e residentes na cidade nem
imaginam que locais que freqüentam e que são pontos urbanos importantes, no passado abrigavam as
703 SILVA, Adriana Capretz Borges da.Op. Cit., p.59.
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