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Barão

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A transformação acelerada do modo-de-produção capitalista a partir da Revolução Industrial,<br />

primeiramente nos paises centrais e por fim, nos países periféricos. No Brasil especificamente, esta<br />

industrialização e urbanização se deu em grande parte, pelo cultivo do café como produto de<br />

exportação. De acordo com Celso Furtado, a partir de 1830 o café se transforma no principal produto<br />

da economia brasileira, ganhando nova dinâmica a partir da introdução do trabalho livre 606 . Com a<br />

presença do trabalhador livre (composto principalmente por imigrantes vindos de diversas partes do<br />

mundo), o latifúndio não era capaz de produzir mais tudo o que o trabalhador consumia. Essas<br />

necessidades passaram a ser satisfeitas fora das fazendas de café, criando assim, a abertura de um<br />

mercado consumidor e produtor interno. Com a crise de 1929 passou a existir uma dificuldade na<br />

importação do café, contudo, com a conseqüente proteção governamental ao produto cafeeiro, houve a<br />

possibilidade de conservar os bancos e o comércio que dependiam do café. Assim, ainda de acordo<br />

com Celso Furtado, gerou-se uma indústria de substituição de importações, passando o Brasil, de uma<br />

economia totalmente agrária e exportadora para uma economia urbana e industrial um pouco mais<br />

desenvolvida. Assim, dessa maneira ―truncada‖, a indústria no Brasil foi formada.<br />

Com o crescimento cada vez maior da industrialização e da urbanização houve modificações<br />

profundas no contexto global do século XX, tanto nos países centrais como nos países periféricos:<br />

Transformações nas organizações políticas, econômicas, nas ideologias, modos de pensar, agir e<br />

sentir, inclusive na própria cultura e religiosidade da sociedade.<br />

Alguns autores diante das transformações industriais e urbanas propagaram a idéia da<br />

existência de uma sociedade mergulhada na racionalidade, no cientificismo. Alguns, tais como João<br />

Alfredo de Freitas, pensavam que quanto menos erudito um povo, maior sua aceitação às crenças<br />

populares e ao imaginário e na medida em que a ciência moderna surge, ela se fortalece e<br />

conseqüentemente acaba com as explicações religiosas e com a crença popular. O ápice da evolução<br />

para estes autores seria o fim da presença imaginativa da sociedade e o fortalecimento da<br />

racionalidade moderna.<br />

Outros autores, porém, sentem uma lamentável perda da cultura popular para uma sociedade<br />

cada vez mais industrializada e urbanizada. Verifica-se um descontentamento com o aparecimento da<br />

urbanização e industrialização. Max Weber, por exemplo, trata da questão do ―desencantamento do<br />

mundo‖: Para ele, a cidade moderna é profana e desencantada, prescinde do apelo ao mítico. Suas<br />

instituições, seus governos, mercados, escolas, meios de comunicação, enfim, tudo é não-religioso.<br />

Não há, na visão de Weber, um espaço indispensável para o imaginário e para o mítico nos mais<br />

importantes momentos da vida cotidiana. O modelo ideal do novo homem e da nova mulher da nova<br />

cidade é um modelo não-mítico, onde o comportamento esperado é sempre o fundado na razão.<br />

606 FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 24ª edição. SP: Cia Editora nacional, 1991.<br />

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