20.04.2013 Views

Barão

Barão

Barão

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

paulistas de Campinas e Taubaté, a partir de processos criminais, com o propósito de compreender a<br />

resistência dos escravos como forma de sobrevivência. Pois, segundo a autora,<br />

A História marcou a vida e as atitudes de senhores e escravos e condicionoulhes<br />

as opções. Faces opostas de um mesmo todo, o processo histórico colheu-os<br />

de maneiras diferentes e implicou vivências peculiares. Respondendo à conjuntura<br />

externa desfavorável ao regime escravista, os cativos desenvolveram estratégias de<br />

resistência que se refaziam constantemente ao sabor das circunstâncias. 153<br />

No transcorrer da obra podemos perceber que Maria Helena Machado tem por objetivo em sua<br />

análise da problemática apresentada,<br />

[...] avançar na delimitação da dinâmica do trabalho no interior da<br />

escravidão, considerando algumas variáveis históricas, relativas à evolução das<br />

grandes unidades monocultoras paulistas, no período de 1830 a 1888. Avaliando-se<br />

a resistência escrava como fator constitutivo das relações sociais e da organização<br />

do trabalho nas fazendas paulistas, a abordagem histórica dos enfrentamentos entre<br />

senhores e escravos que redundaram em processos criminais permite, por um lado,<br />

o diagnóstico das tensões subjacentes ao trabalho escravo. Além disso, por outro,<br />

possibilita o resgate de alguns níveis de consciência escrava no interior de um<br />

gradual processo de autopercepção, gerado na dinâmica da desintegração da<br />

escravidão. 154<br />

Para Machado determinados crimes de escravos os colocam como sujeitos históricos e ao<br />

desgastar e onerar a dominação senhorial, através de resistências e enfrentamentos conscientes,<br />

acabam por revelar atos consequentes, pois permitem aos escravos forjar espaços autônomos de<br />

sobrevivência. 155<br />

Ou seja, a insubordinação e a rebeldia dos cativos nos momentos derradeiros da escravidão<br />

foram fatores extremamente relevantes para se atingir a Abolição.<br />

Portanto, diante desse aspecto fica clara a importância da participação dos escravos no<br />

processo de desagregação da escravidão, demonstrando seu caráter de agente social e sujeito<br />

histórico.<br />

E segundo Maria Helena Machado a criminalidade escrava teria aumentado principalmente por<br />

causa do aumento do ritmo de trabalho cada vez mais intenso, principalmente nas grandes áreas em<br />

que havia uma expansão cafeeira, como na região do Oeste Paulista e, isto, prejudicaria as margens<br />

de autonomia dos plantéis. Por outro lado, os escravos passaram a reivindicar, com mais veemência,<br />

153 MACHADO, Maria Helena P.T. Crime e escravidão: trabalho, luta e resistência nas lavouras paulistas (1830-1888).<br />

São Paulo: Brasilense, 1987. p. 8<br />

154 Idem., p. 61<br />

155 Idem., p. 9<br />

131<br />

131

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!