Barão

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a mulher. A começar por aquela pecadora que lhe
lavou os pés e os enxugou com os longos cabelos. E a
quem esse Jesus apareceu pela primeira vez depois
da Ressurreição? Segundo o Evangelho de São
Matheus, foi para duas mulheres que Ele se mostrou
na madrugada gloriosa, Maria Magdalena e a outra
Maria, mãe de Tiago, foi para ambas que Ele abriu os
braços, Salve!
(Lygia Fagundes Telles. História das Mulheres no Brasil)
Através das variadas pesquisas a respeito da moda feminina percebemos que cada vez mais a moda
se consolida como fonte de referência e sentido para os indivíduos. Trata-se, contudo, de um processo
histórico que se desenvolve a partir do diálogo que ela trava com a modernidade.
A Belle Époque foi um período pautado por diversas transformações no âmbito social, cotidiano e
cultural. Essas mudanças ocorreram no universo público e privado e contribuíram para a modificação da
dinâmica societária, através da inserção de novos hábitos e costumes. Tais modificações foram possíveis
em função do desejo dos administradores e intelectuais de ―fazer parte‖ do mundo moderno e civilizado.
Neste ambiente em efervescente transformação, a moda ganhava cada vez mais espaço, pois
permitia ao sujeito constituir grupos, sobressair-se em meio à multidão, transmitir e/ou desfrutar de certas
regalias. Os indivíduos buscavam se posicionar diante dessa nova realidade.
A moda feminina acaba se aglutinando à esta ―boa sociedade‖, modificando-se juntamente com o
refinamento dos modos e a europeização da vida social. Passando a ser um símbolo de classe e essencial
para a definição da mesma.
Sendo assim, a moda passa a ser um aspecto distintivo pelo qual pessoas pertencentes à sociedade
emergente podem demonstrar – por meio de gestos, das posturas, da higiene, dos hábitos e da moda –
que alcançaram o estágio da civilização.
As mulheres do período abordado (as ―de família‖) vivenciaram tais mudanças, no entanto:
A conciliação entre arcaico e moderno no trato feminino era resolvida por meio da
distinção entre espaço público e privado. Identificava-se com a imagem da santa
aquelas que viviam renegadas no universo do lar e apegadas ao mundo caridoso e
religioso. O oposto da santa era a Eva meretriz, que habitava o espaço público e que
representava a luxúria, a vaidade, o modismo e a profanação do sagrado através de
atitudes consideradas transgressoras. Contudo, as mulheres tidas como meretrizes e/ ou
subversivas não foram aceitas a andarem livremente nos espaços sociais a qualquer
momento, pois deviam atentar para as ordens políticas e religiosas que restringiam seus
movimentos pelo cenário urbano. 530
530 FRANÇA, Jorge Luis de. Meretrizes na Belle Époque do café... Op. cit., p. 72.
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