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Barão

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público. Presenciamos ainda nesse período ―o nascimento de uma nova mulher nas relações da chamada<br />

família burguesa, agora marcada pela valorização da intimidade e da maternidade‖. 444<br />

Para as mulheres ricas, as exigências de um bom preparo e educação para o casamento – tanto<br />

quanto as preocupações estéticas – com a moda ou com a casa reclamavam sua freqüência nos novos<br />

espaços da cidade. Para Margareth Rago:<br />

[...] a construção de um modelo de mulher simbolizado pela mãe devotada e inteira<br />

de sacrifício, implicou sua completa desvalorização profissional, política e intelectual.<br />

Esta desvalorização é imensa porque parte do pressuposto de que a mulher em si não é<br />

nada, de que deve esquecer-se deliberadamente de si mesma e realizar-se através dos<br />

êxitos dos filhos e do marido<br />

[...] Em qualquer caso, o campo de atuação da mulher fora do lar circunscreveu-se<br />

ao de ajudante, assistente, ou seja, a uma função de subordinação a um chefe<br />

masculino em atividades que a colocaram desde sempre à margem de qualquer<br />

processo decisório. 445<br />

No entanto, o século XIX abriu e fechou com dois acontecimentos, uma revolução e uma guerra: os<br />

historiadores percorrem-no de 1789 a 1914, sem que, no entanto, se possa dizer que esses<br />

acontecimentos produziram o essencial do sentido dessa época. Pelo que diz respeito às mulheres, pode-<br />

se notar-se que uma revolução, tal como uma guerra, façam-nas executar certas tarefas, sabendo, porém,<br />

que em seguida, poderão ser dispensadas, com maior ou menor rapidez.<br />

Nesse sentido, se a modernidade foi considerada um impulso para a independência feminina, é<br />

porque as conseqüências das mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais lhes eram favoráveis.<br />

Em primeiro lugar, o aparecimento de uma historia da humanidade supõe que a<br />

mulher tem também uma história, que a sua condição de companheira do homem,<br />

reprodutora da espécie é menos imutável do que parece, que a sua essência<br />

aparentemente eterna de mulher pode ser submetida a múltiplas variações e destinada a<br />

uma vida nova. As utopias socialistas, mesmo não sendo terreno da história supõem, no<br />

entanto, um futuro diverso do presente; nelas são repensados o funcionamento da<br />

família, a relação amorosa, a maternidade, bem como as atividades sociais femininas.<br />

Inversamente, as teorias evolucionistas refletem sobre a origem, sobre o começo<br />

histórico das sociedades, e especialmente da família, do patriarcado (ou matriarcado). 446<br />

Dessa forma, a mulher pôde assemelhar-se ao homem, ao trabalhador e ao cidadão, rompendo<br />

assim laços de dependência econômicos e simbólicos que a ligavam ao pai e ao marido. Maria Ângela<br />

444<br />

D’INCAO, Maria Ângela. Mulher e Família burguesa. In: PRIORI, Mary Del (org.). História das<br />

mulheres no Brasil. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2008, p.229, p. 223.<br />

445 RAGO, Luzia Margareth. Do cabaré ao lar... Op. cit., p.65.<br />

446 FRAISSE, Geneviève; PERROT, Michelle. História das Mulheres no Ocidente... Op. cit., p.10.<br />

365<br />

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