Barão

2.1 – A ocupação e a formação de São Paulo
A colonização realizada nos trópicos assume o aspecto de uma vasta empresa comercial, mais
completa que as feitorias, mas sempre com o destino de explorar os recursos em proveito do comércio
europeu. Segundo Caio Prado,
[...] É este o verdadeiro sentido da colonização tropical, de que o Brasil é uma
das resultantes; e ele explicará os elementos fundamentais, tanto no econômico
como no social da formação e evolução histórica dos trópicos americanos. 169
Ou seja, uma organização puramente produtora voltada ―para fora‖ será instalada, com o
objetivo de fornecer gêneros como açúcar, algodão, ouro, diamantes, café, entre outros, caráter
mantido durante os três séculos de colonização. Ocupação por meio da agricultura, mais propriamente
dita, através da grande lavoura.
A ocupação inicial do território se deu na extensão da costa, cuja principal característica foi a
defesa do território, para o interior. Em São Paulo essa sistemática de ocupação também será seguida.
O povoamento do território paulista vai ocorrer, de modo geral, da costa para o interior, como observa
Ernani Silva Bruno, ―[...] da baixada marinha primeiro entrevista pelos adventícios para o misterioso
sertão do continente. [...]‖. 170
São fatores históricos e geográficos que se conjugaram desde o início da colonização para
finalmente conduzirem ao que hoje corresponde ao traçado das fronteiras atuais do estado de São
Paulo. A constituição da Capitania de São Paulo, ocorrida em 1710, abrangendo Santo Amaro e parte
de São Vicente, teve por inúmeras vezes seus limites modificados, como quando o Paraná deixa de
fazer parte da então província de São Paulo em 1853.
O sistema de capitanias, adotado como plano geral de colonização, consistiu o primeiro marco
fundamental para a História do desenvolvimento da economia paulista. Este sistema é inaugurado em
1531 na área aonde viria a ser a Capitania de São Paulo, com a doação a Martim Afonso de Sousa da
Capitania de São Vicente.
Já os colonos lusitanos que estavam em companhia de Martim Afonso de Sousa não
encontraram uma terra desocupada. Havia na região, há muito tempo, tribos indígenas de línguas e
culturas diversas. O que provocou desde a fundação dos primeiros núcleos de povoamento português
à beira-mar até os princípios do século XX uma árdua e tenaz disputa entre os primitivos donos da terra
169 PRADO Júnior, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia. São Paulo: Brasiliense, 2007. p. 31.
170 BRUNO, Ernani Silva. Esboço da História do Povoamento de São Paulo. IN: BRUNO, Ernani Silva (Org.) São
Paulo; terra e povo. Porto Alegre: Editora Globo. p. 1.
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