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Barão

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Muito discutido na historiografia brasileira, o assunto coronelismo pode causar a ―falsa<br />

impressão‖ de ser um tema abradido, ultrapassado e de certa forma categoricamente esclarecido. O<br />

que não é bem assim, pois, como dissemos a ―falsa impressão‖ que nos faz pensar em um tema de<br />

certa forma muito trabalhado, cai por terra a partir do momento em que começamos a aprofundar e<br />

analisar os diversos conceitos formados sobre as oligarquias locais e o exercício de seu poder 58 .<br />

Devido à escolha deste tema, não podemos fugir a linha mestra que nos guiará para a<br />

elaboração do mesmo, sendo esta uma análise cultural e política da História, porém, guardadas as<br />

devidas precauções pertinentes a esta linha de pesquisa. Nosso estudo partirá do princípio da análise<br />

de René Rémond ao esclarecer o caráter abrangente da nova História Política, que vê a partir da<br />

interdisciplinaridade, principalmente com as Ciências Sociais as diversas dimensões em que se<br />

estabelecem as relações de poder, não sendo apenas no Estado, mas em todos os domínios da vida<br />

coletiva ligados e influenciados por ele, sendo o que o próprio autor relata como ―uma prática social‖ 59 .<br />

Apenas para explicitar distintos conceitos, seguindo essa linha que se inclina para as relações de poder<br />

existentes nos diversos setores da sociedade, Michel Foucault em sua obra Microfísica do Poder,<br />

evidencia as formas de poder exercidas marginalmente do Estado, mas que estão articuladas a ele e o<br />

sustenta, deixando claro, por mais superficialmente possa aparentar certa semelhança nas teorias de<br />

Foucault e Rémond, existem entre eles características ímpares que os deferem, como por exemplo, no<br />

caso de Foucault, que afirma a não capacidade do Estado em mudar os rumos da sociedade, uma vez<br />

que para o autor o poder está fragmentado em diversos ―mecanismos‖ ou ―agências‖ em torno desse<br />

Estado, se tornando apenas mais uma instituição, e sem a articulação desta ―rede‖ o poder não<br />

conseguirá manter-se funcional 60 .<br />

Hanna Arendit é outra estudiosa pensou sobre as relações de poder e influências do Estado, ela afirma<br />

que a política é toda e qualquer tipo de negociação articulada através do discurso e da ação, se esta<br />

última não existir na sociedade, fica claro, para a autora que não há política, citando para exemplificar<br />

os governos ditatoriais 61 . O que acaba por contrariar a teoria de Rémond, pois, segundo o autor, em<br />

um governo ditatorial encontramos também um poder ideológico muito preciso, que muitas vezes<br />

assimilado por uma minoria social que impõe esta ideologia a uma maioria. É importante que fique<br />

claro para os leitores deste trabalho, que não utilizaremos as teorias de Foucault e Arendit como<br />

suporte teórico-metodológico, essas foram apenas demonstrações da diversidade, da complexidade e<br />

da contraposição conceitual que existe sobre as teorias de relações de poder em sociedade.<br />

58 Ao citarmos exercício de poder desses oligarcas, nos referimos as políticas de compromissos, a qual terá seu conceito e<br />

característica concomitantemente trabalhada nesta pesquisa.<br />

59 RÉMOND, René. Por uma História Política. 2ª ed: Rio de Janeiro; Editora FGV, 2003.<br />

60 FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 22ª ed: São Paulo; Editora Paz e Terra, 2006.<br />

61 ARENDIT, Hanna. A condição Humana. 10ª ed.: Rio de Janeiro; Forense Universitária, 2003.<br />

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