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Barão

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A ênfase no estudo apenas das áreas exportadoras fez com que durante<br />

largo período, a escravidão fosse estudada nestas regiões apenas sob o prisma do<br />

lucro e da rentabilidade. [...] Era a lógica do lucro, da rentabilidade que imperava,<br />

encarando-se portanto o escravo negro quase como mero fator de produção. 126<br />

Além disso, este fato colaborou para que as demais regiões, não inseridas no mercado mundial<br />

não fossem objeto de estudo, e, com isso, perdendo de vista as formas de trabalho compulsório que<br />

pudessem existir nesses lugares. 127 Tais espaços sociais, serão objetos de estudos nas análises<br />

historiográficas da geração de 1980 e 1990.<br />

1.3 - A produção historiográfica das décadas de 1950, 1960 e 1970, as análises e a interferência<br />

acadêmica<br />

Foi a partir de 1950, uma época de grande entusiasmo político e intelectual, reveladora de um<br />

interesse pelas classes oprimidas que vai mudar a historiografia da escravidão. A partir deste novo<br />

enfoque a escravidão será vista como a pedra basilar para se compreender o processo de acumulação<br />

de capital, estabelecida a fim de sustentar dois grandes ícones do capitalismo comercial, o mercado e o<br />

lucro. É na organização da produção para o mercado externo que dependia a lucratividade e uma das<br />

formas de obtê-la seria a partir da repressão e coerção dos cativos, isto se realizaria a partir de um<br />

rígido controle social.<br />

A partir de 1950, encontramos novos enfoques teóricos, maior rigor metodológico e o aporte de<br />

outras disciplinas, principalmente das Ciências Sociais, que irão revitalizar os estudos sobre a<br />

escravidão. São estudos científicos engendrados nas universidades brasileiras, principalmente da<br />

Universidade de São Paulo e centrados no enfoque sociológico das relações sociais e na discussão da<br />

natureza capitalista da economia escravista. 128<br />

Mas talvez tenha sido Clóvis Moura quem abriu a trilha que levaria à insurreição generalizada<br />

contra a tese da democracia racial ao explicitar a violência inerente ao sistema escravista, rompendo<br />

com a visão dominante do passado escravista brasileiro, de uma sociedade harmoniosa, onde no<br />

máximo os conflitos existentes entre escravos e senhores não passavam de choques entre a cultura<br />

126 BLAJ, Ilana. A Escravidão Colonial; algumas questões historiográficas. Rev. Int. de Estudo Brasileiro. São Paulo, 37:<br />

145-159. 1994. p. 151-152..<br />

127 Idem, p. 152.<br />

128 Podemos citar como nomes importantes dessa fase, Florestan Fernandes e Roger Bastide com trabalhos<br />

evidenciando as relações sociais entre brancos e negros e a introdução do negro na sociedade de classe, Otávio<br />

Ianni e Fernando Henrique Cardoso com o tema do capitalismo e a escravidão no sul do Brasil, Emília Viotti da<br />

Costa abordando o tema da violência e da benevolência do período entre outros.<br />

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