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Barão

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conciliavam suas práticas religiosas com uma militância política. Este é um ponto muito relevante para<br />

este trabalho, que propõe uma análise da participação política de membros da Igreja Católica através<br />

do discurso presente no jornal Diário de Notícias.<br />

Ao analisar as matérias do jornal Diário de Notícias, destacou-se as seguintes colunas do periódico:<br />

matérias de capa, a coluna ―Nosso Comentário‖ e a coluna ―Lembrete‖. Estas colunas eram<br />

diretamente assinadas pelo redator do jornal ou representavam a opinião deste ou dos editores e<br />

diretores do Diário de Notícias, fato importante para entender a tendência do jornal nesse período.<br />

Sempre que citadas, as notícias do jornal foram transcritas literalmente como no original, respeitando a<br />

ortografia da época.<br />

Apesar de trabalhar com elementos ligados a Igreja Católica, entende-se que este trabalho esteja<br />

atrelado a História Política. Não a tradicional História Política preocupada com o Estado e suas<br />

personalidades, mais a nova História Política que, nas palavras de René Rémond assim se define:<br />

...a história política – e esta não é a menor das contribuições que ela extraiu da convivência com outras<br />

disciplinas – aprendeu que, se o político tem características próprias que tornam inoperante toda análise<br />

reducionista, ele também tem relações com outros domínios: liga-se por mil vínculos, por toda espécie de laços,<br />

a todos os outros aspectos da vida coletiva. O político não constitui um setor separado: é uma modalidade da<br />

prática social. As pesquisas sobre o abstencionismo, os estudos sobre a sociabilidade, os trabalhos sobre a<br />

socialização, as investigações sobre o fato associativo, as observações sobre as correspondências entre prática<br />

religiosa e comportamento eleitoral contribuem para ressaltar tanto a variedade quanto a força das interações e<br />

interferências entre todos esses fenômenos sociais. Se o político deve explicar-se antes de tudo pelo político, há<br />

também no político mais que o político. Em conseqüência, a história política não poderia se fechar sobre si<br />

mesma, nem se comprazer na contemplação exclusiva de seu objeto próprio. 2<br />

Certamente nem tudo é política, e isto fica claro quando se estuda um tema ligado a religião, porém o<br />

papel de alguns religiosos que utilizaram um jornal para tentar concretizar suas crenças em uma<br />

determinada sociedade, deve e pode ser estudado pelo viés político, e o intercâmbio com outras<br />

ciências só contribui para um melhor entendimento do assunto.<br />

Uma outra característica deste trabalho é seu enfoque regional. A História Regional que desde os anos<br />

70 vem ganhando espaço na historiografia brasileira, tem “...a capacidade de apresentar o concreto e o<br />

cotidiano, o ser humano historicamente determinado, de fazer a ponte entre o individual e o social.” 3 ,<br />

pois o município é o local onde a população esta mais próxima das instâncias do poder. A História<br />

Regional caracteriza-se também por permitir a validação, ou não, de teorias elaboradas de forma<br />

universal. Contudo, é preciso deixar claro que “O regionalismo justifica-se como uma entre outras<br />

perspectivas possíveis de análise da economia, da sociedade e da política. Não exclui e nem se opõe a<br />

2 RÉMOND, René (org.). Por uma história política. 2a ed. Rio de Janeiro: editora FGV, 2003, p 35/36.<br />

3 AMADO, Janaína. História e região: reconhecendo e construindo espaços. In: SILVA, Marcos A.(coord.). República<br />

em migalhas. História regional e local. São Paulo: Marco Zero/CNPq, 1990, p. 13.<br />

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