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Barão

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Barata564 defende que dentro do Estado Absoluto, as lojas maçônicas utilizavam-se do ―véu‖ do secreto<br />

para abrigar um poder indireto exercido pela burguesia. Em suas palavras:<br />

O secreto criava um novo gênero de comunidade, onde o ‗mistério‘ era o cimento da fraternidade e uma forma de<br />

educação moral, forjada no compromisso fundamental de guardar segredo. Ao rejeitar a realidade política externa, por<br />

considerá-la a negação da posição moral interna do mundo das lojas, a maçonaria assumia uma ação política indireta.<br />

Portanto a principal função do secreto era dissimular as conseqüências políticas dos procedimentos morais de oposição<br />

ao Estado absoluto. 565<br />

No Brasil, se processaram algumas particularidades em relação a esse viés mais indireto da posição<br />

política assumida na França e na Inglaterra. Aqui desde o princípio as lojas maçônicas aderiram não só ao<br />

ideário ilustrado como também se propuseram ser o principal veículo de difusão do mesmo. Tomemos<br />

como exemplo o caráter nitidamente emancipacionista da maçonaria que de pronto declarou-se contra a<br />

metrópole e as relações coloniais. Segundo os estudos do Frei Boaventura Kloppenburg566 reunia-se na<br />

loja Comércio e Artes do Rio de Janeiro os mais nobres nomes da política nacional que voltavam todos os<br />

esforços para a independência do Brasil a ponto de D. João VI lançar o seguinte alvará em 1818:<br />

Eu El Rei faço saber aos que este alvará com força de lei virem, que tendo-se verificado pelos acontecimentos que são<br />

bem notórios, o excesso de abuso a que tem chegado as Sociedades secretas, que, com diversos nomes de ordens ou<br />

associações, se tem convertido em conventiculos e conspirações contra o Estado; não sendo bastantes os meios<br />

correcionaes com que se tem até agora procedido segundo as leis do Reino, que prohibem qualquer sociedade,<br />

congregação ou associação de pessoas com alguns estatutos, sem que elas sejão primeiramente por mim autorisadas, e<br />

os seus estatutos approvados: e exigindo por isso, a tranqüilidade dos povos, e a segurança que lhes devo procurar e<br />

manter, que se evite a occasião e a causa de se precipitarem muitos vassallos, que antes podião ser úteis a si e ao<br />

Estado, se forem separados delles, e castigados os perversos como as suas culpas merecem; (...). 567<br />

Portanto, se na Europa a maçonaria se atêm aos rituais secretos para formar uma fraternidade burguesa,<br />

no Brasil em momento algum a entidade escondeu sua opção pelo liberalismo e pela ilustração, utilizando<br />

como meta de difusão desses preceitos não só a inclusão dos maçons na política nacional como também à<br />

iniciação daqueles que já se destacavam na política. Isso, independentemente de cada loja adotar o rito<br />

francês ou o escocês.<br />

Segundo Alexandre M. Barata, entre 1870 e 1910 as lojas maçônicas por todo Brasil, transformaram-se em<br />

centros de discussão dos grandes temas relacionados à construção de uma identidade nacional, tomava-<br />

564 BARATA, Alexandre M. Op. Cit. Nota 14. P.78-99.<br />

565 Ibidem . P. 80<br />

566KLOPPENBURG, Boaventura. A maçonaria no Brasil – orientação para os católicos. Rio de janeiro: Editora Vozes.<br />

1956.<br />

567 Ibidem. P. 15<br />

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