20.04.2013 Views

Barão

Barão

Barão

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

e mistificadas por grupos específicos. Com a modernidade cafeeira, o homem do interior vai aos<br />

poucos perdendo sua identidade. Na cidade existem universos próprios diferentes do mundo rural e<br />

arcaico. Começam a surgir novas representações de pensamentos, pois está em cena o homem<br />

citadino, moderno e conservador, mas inovador em negócios e empreendedorismos.<br />

O ano de 1918 é marco na história contemporânea, o mundo neste momento já não mais<br />

respiraria em sossego, mas em pânico sobre o temor bélico fruto da Grande ―Guerra Total‖ 22 , nome<br />

dado pelo historiador Eric Hobsbawm ao conflito mundial que se estende de 1914-1945. Nesta o autor<br />

evidencia que a tida segunda guerra mundial nada mais era do que uma continuação e filha do conflito<br />

iniciado em 1914-1918.<br />

Distante do conflito, mas ao mesmo tempo atuando como protagonista da história, a cidade de<br />

Ribeirão Preto vivenciava os aromas amargos do choque entre impérios hegemônicos da economia<br />

mundial.<br />

Neste micro espaço territorial, no mesmo ano que se surgia a calmaria do entre guerras, veio a<br />

óbito Esther Monteiro 23 . Você pode agora estar se perguntando, mas quem é Esther Monteiro? 24 O que<br />

esta personagem tem a ver com o feminismo em Ribeirão Preto?<br />

22 Esta frase é de autoria do historiador Eric Hobsbawm o escritor expõe: “O século XX deixa um legado inegável<br />

de questões e impasses. Para Eric Hobsbawm, o século foi breve e extremado: sua história e suas possibilidades<br />

edificaram-se sobre catástrofes, incertezas e crises, decompondo o construído no longo século XIX. Aqui, porém, o<br />

desafio não é tanto falar das perplexidades de hoje, mas mergulhar nos acontecimentos, ações e decisões que,<br />

desde 1914, constituíram o mundo dos anos 90, um mundo onde passado e futuro parecem estar seccionados do<br />

presente. Somente Hobsbawm, com a concisão do historiador e a fina ironia de julgamento de quem viveu e pensou<br />

em compromisso com o período sobre o qual escreve, poderia enfrentar o desafio de compreender e explicar a<br />

articulação entre a primeira Sarajevo e os quarenta anos de guerra mundial, crises econômicas e revoluções da<br />

primeira metade do século XX, e a última Sarajevo, das guerras étnicas e separatistas, da precariedade dos<br />

sistemas políticos transnacionais e da reposição selvagem da desigualdade contemporânea.<br />

Hobsbawm divide a história do século XX em três “eras”. A primeira, “da catástrofe”, é marcada pelas duas<br />

grandes guerras, pelas ondas de revolução global em que o sistema político e econômico da URSS surgia como<br />

alternativa histórica para o capitalismo e pela virulência da crise econômica de 1929. Também nesse período os<br />

fascismos e o descrédito das democracias liberais surgem como proposta mundial. A segunda são os anos<br />

dourados das décadas de 1950 e 1960 que, em sua paz congelada, viram a viabilização e a estabilização do<br />

capitalismo, responsável pela promoção de uma extraordinária expansão econômica e profundas transformações<br />

sociais. Entre 1970 e 1991 dá-se o desmoronamento final, em que caem por terra os sistemas institucionais que<br />

previnem e limitam o barbarismo contemporâneo, dando lugar à brutalização da política e à irresponsabilidade<br />

teórica da ortodoxia econômica e abrindo as portas para um futuro incerto”. Ver: HOBSBAWN, E. J., 1995, loc. cit.<br />

[parte inferior da capa].<br />

23 A ausência de material que possibilita uma investigação narrativa mais profunda sobre a personagem pode ser<br />

denotado e/ou compreendido no casso desta estar utilizando de um pseudônimo. Deste modo, a personagem<br />

poderia ser uma mulher ou um homem que escrevia denotando a imagem feminina para não ser descoberto. Fato<br />

este que era recorrência no período em diversos meios jornalísticos e/ou romances.<br />

24 “[...] Em seu primeiro artigo, propõe que suas leitoras pensem na situação das mulheres trabalhadoras que não<br />

têm com quem deixar seus filhos - e afirma a necessidade da instrução pública para todos - e mais, que os poderes<br />

municipais construam creches onde as mães possam deixar seus filhos enquanto trabalham. Ao mesmo tempo, diz<br />

que as mulheres que têm condições e são educadas devem se empenhar em convencer as outras sobre a<br />

importância da educação das crianças. Em seu segundo artigo, ela escreve sobre o amor entre homem e mulher e o<br />

“amor menos egoísta”, que e a dedicação aos deserdados, aos órfãos, aos pobres e ignorantes. No terceiro artigo,<br />

usa o texto para responder a alguém que a criticou por suas posições favorecendo a liberdade da mulher. Defende<br />

a instrução e a educação feminina para que ela não seja “pedante e ridícula, nem ignorante e frívola” e acrescenta<br />

Imprensa feminista na Ribeirão Preto de 1918-1914 162

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!