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Barão

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destacavam: ―boa esposa, professorinha‖ entre outros prenomes que ligava esta personagem a esfera<br />

do lar e a educação.<br />

Em 1899 no jornal O Repórter o redator Virgilio Brigido escreve um artigo intitulado: ―Um Mario‖,<br />

nesta nota o autor expõe a concepção do ideal masculino referente às personagens femininas. Para<br />

atestar a irá e/ou sátiras masculinas Virgilio insinua situações inesperadas no texto. Introduz a narrativa<br />

dizendo: ―Ella estava tão irritada, que lançou ao chão a saída de baile, [...]‖ 25 o autor opta em iniciar o<br />

discurso enfatizando a revolta feminina, em seguida alude aos leitores: ―come e atirou-se para a<br />

alcova, Raspou o phosphoro accendeu o bico de gaz e poz-se a desvestir-se, com os dedos trêmulos e<br />

uma ruga entre os olhos, que era nella signal da próxima explosão [...]‖ 26 . É notório nas linhas do texto,<br />

o descontentamento da mulher, a qual pode se percebida durante o dialogo que se segue:<br />

O marido entrou logo após e sentou-se, já também irritado pelo silencio<br />

obstinado que ella guardava.<br />

- Mas deve confessar que não é bonito uma senhora casada Walsar duas, três<br />

vezes, com um rapaz – Sei que es leal, mas o mundo aproveita tudo para fallar e<br />

denegrir as reputações. Amo muito o meu nome e como minha mulher, tens<br />

obrigação de afastar delle qualquer suspeita. Queres então que eu seja<br />

ridicularisado por uns imbecis, que nada são e nada valem? Pois é preciso dizer que<br />

não recuo nem diante de uma morte para defender o meu nome.<br />

Bem sabes que sou capaz...<br />

a começar as ameaças, quando a mulher voltou-se rápida sobre os<br />

calcanhares e gritou em face:<br />

- O que sei é que tu ès um idiota!<br />

Elle pertubou-se e gaguejou uma phase acerba.<br />

- Eis aqui... continuou a mulher com o espartilho na mão os hombros humidos<br />

de suor resplandecendo á luz do gaz, o penteado meio desfeito, mostrando as<br />

pernas, carnudas, mettidas em meias cor de gramada.<br />

- Eis aqui para que uma mulher se casa, para ouvir de seu marido a injuria que<br />

não ouviria de ninguém no mundo.<br />

E porque? Somente porque esse marido é um idiota, que não respeita, que<br />

não se conhece, que quer impor-se ao amor de sua mulher, como um prego nm<br />

cepo, brutalmente, a golpes de martello.<br />

E porque não consegue insulta.<br />

Fique sabendo porem, de uma vez por todas, que sei respeitar-me, não por<br />

sua causa; mas porque me tenho em muita conta!<br />

E fica-me o favor vê afastar-se enquanto reformo a toilette.<br />

Era a primeira vez que o despedira.<br />

Tambem nunca elle tinha acerbamante injuriada.<br />

A voz da mulher era tão imperativa, sua mão vibrava tão nervosamente o<br />

espartilho, que o marido ergueu-se e sahiu.<br />

- Que inferno, meu Deus! exclamou ella de dentes cerrados fechando o trinco.<br />

Tomou depois o penteado, poz espesinhos num pantufo de seda e foi para a<br />

cama pensou naquelle marido que a injuriava com seus estúpidos ciúmes.<br />

Elle, posto fora da alcova para não escandalisar os de casa.<br />

Ia desolado o infeliz.<br />

25 (APHRP) O REPORTER. Um Mario. Ribeirão Preto, 6 out, 1899, p.2.<br />

26 Idem, p.2.<br />

Na Trilha da Modernidade Cafeeira 143

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