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Barão

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desfrute exclusivo das camadas aburguesadas; e um cosmopolitismo agressivo,<br />

profundamente identificado com a vida parisiense. 406<br />

Contudo, era necessário acompanhar o progresso, o que significava acompanhar o desdobramento<br />

da economia européia. Para tanto, a cidade teria que ser remodelada:<br />

O símbolo máximo da Regeneração, porém, ficou sendo o eixo fundamental do<br />

projeto de reurbanização, a Avenida Central, inspirada no planejamento dos bulevares<br />

parisienses, conforme o projeto dos amplos corredores comerciais do barão de<br />

Haussmann, [...], a Avenida introduzira na capital a atmosfera cosmopolita ansiada pela<br />

nova sociedade republicana. Não só os produtos à venda nas vitrines de cristal eram via<br />

de regra franceses, assim também eram as roupas e os modos dos consumidores, tanto<br />

quanto os bandos de pardais encomendados pelo prefeito Pereira Passos, por serem<br />

típicos de Paris. O caráter suntuoso da Avenida era acentuado pelas fachadas em<br />

arquitetura eclética, oferecendo um cenário para o desfile ostensivo da nova sociedade e<br />

instigando a animação do consumo conspícuo. Como observou atento Lima Barreto, ―de<br />

uma hora para outra, a antiga cidade desapareceu e outra surgiu como se fosse obtida<br />

por uma mutação de teatro. Havia mesmo na coisa muito de cenografia‖. Um novo<br />

cenário, uma nova peça e uma nova ética. 407<br />

Para Sevcenko, a expressão ―regeneração‖ é por si só esclarecedora do espírito que presidiu esse<br />

movimento de destruição da velha cidade, para complementar a dissolução da velha sociedade imperial, e<br />

de montagem da nova estrutura urbana. 408<br />

FIGURA 5 - Avenida Central, 1906. (Foto de Marc Ferrez)<br />

406 FREYRE, Gilberto. Modos de homem & modas de mulher... Op. cit., p. 43.<br />

407 SEVCENKO, Nicolau. A capital irradiante... Op. cit., p. 545.<br />

408 SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão... Op. cit., p.43.<br />

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