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Barão

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evolucionária com a prática religiosa? Diante de tal dilema alguns abandonaram de vez a religião,<br />

outros passaram a conviver com o conflito dividindo seus atos políticos de suas vidas religiosas, mas<br />

um terceiro grupo passou a questionar a teologia tradicional.<br />

A primeira tentativa recente de acomodar a doutrina religiosa com a prática militante foi feita pelos<br />

Democratas Cristãos, que procuraram amenizar as desigualdades provocadas pelo capitalismo. Nos<br />

anos 50 e 60, grupos da Ação Católica (principalmente no Brasil e Chile) se radicalizaram e se<br />

aproximaram dos marxistas. Os bispos de Medellin incentivaram uma nova postura dos cristãos,<br />

grupos já existentes como a JOC (Juventude Operária Católica) a JUC (Juventude Universitária<br />

Católica) aproximaram-se da esquerda, e nesta época também estava nascendo a Teologia da<br />

Libertação. O teólogo brasileiro Hugo Assmann fez a seguinte afirmação à época: ―Não há outra<br />

história!‖. Estava se rompendo com a Teologia Tradicional baseada na concepção greco-romana, e<br />

estava se reabilitando a teologia hebraica-cristã:<br />

A resposta dos teólogos latino-americanos é que a salvação na religião bíblica se refere a uma salvação que se<br />

verifica na única história que existe e não no ―além‖ da teologia de influência platônica; que a salvação é um<br />

processo histórico que se dá na história real, material e objetiva em que o homem reproduz sua vida material e<br />

espiritual mediante sua organização econômica, social, política e ideológica. 24<br />

E comentando a obra de Gustavo Gutiérrez (teólogo peruano), Gotaycomplementa:<br />

Gutiérrez fundamenta sua posição da identidade entre os conceitos de ―criação‖ e ―salvação‖ (libertação) na<br />

exegese bíblica. Faz análise do Antigo Testamento onde verifica que a fé bíblica é uma fé num Deus que age na<br />

história em atos salvíficos que nunca se dão fora da criação, e que como tais são atos sociopolíticos. Usa<br />

especialmente o Êxodo, como,exemplo paradigmático. Este acontecimento político de libertação de Israel da<br />

exploração e escravidão egípcia constitui o evento em torno do qual se estrutura a fé de Israel. Demonstra que<br />

no Antigo Testamento nada existe que possa ser considerado uma separação entre criação (na história) e<br />

salvação (fora dela). Para o hebreu só existe uma vida, aquela que se dá na história. Criação e salvação dão-se<br />

sempre como um mesmo conceito e são acontecimentos políticos e sociais libertadores nos quais o trabalho do<br />

homem é essencial para a realização do acontecimento. 25<br />

Esta mudança de paradigma, na qual passa a existir uma história única, transformou o significado de<br />

conceitos como pecado, fé, salvação, política, ética, etc., permitindo ao militante cristão tornar-se<br />

revolucionário. O conceito de pecado, por exemplo, passou a ter novo significado no qual a concepção<br />

essencialista do pecado original e da natureza pecaminosa das coisas perdeu o sentido, e começou a<br />

se falar do pecado como ―fato‖, como uma situação social e histórica. O pecado deixa de ser de<br />

natureza individual (interior) para ser de natureza social; o pecado passa a ser associado a injustiça.<br />

24 Ibid. p. 85.<br />

25 Ibid. p. 89.<br />

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