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Barão

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apareciam como réus e informantes envolvidos em casos de fugas, assassinatos, roubos e<br />

insurreições. Nesse contexto, verifica um número expressivo de crimes cometidos pelos escravos,<br />

sobretudo em relação a seus senhores e feitores e, o mais importante é que esses atos expressavam<br />

um laço de solidariedade, nas fugas, insurreições e na formação de quilombos, encontrados em<br />

número significativo na região, o que demonstra o caráter político desses atos, resultados dos conflitos<br />

e relações existentes entre escravos, senhores e outros. 160<br />

Os momentos derradeiros da escravidão também foram privilegiados por Luciana de Lourdes<br />

dos Santos, para investigar o mundo em que os escravos viviam em Rio Claro, um importante<br />

município do Oeste Paulista, composto por uma grande escravaria. No cômputo de seus dados,<br />

(processos crimes, ações de liberdade e atestados de óbitos), a autora encontra uma relação direta<br />

entre a criminalidade praticada pelos escravos com a tentativa de alcançar a liberdade. Santos ao<br />

refletir sobre o cotidiano desses escravos envolvidos em crimes, conclui que os atos violentos são uma<br />

resposta às péssimas condições de vida, incessantes e conscientes atos de conquista da liberdade. 161<br />

A criminalidade em Botucatu, na segunda metade do século XIX, foi o tema pesquisado por<br />

César Múcio, que ao pesquisar as Atas da Câmara Municipal e os processos crimes envolvendo,<br />

sobretudo, escravos, libertos e homens livres constatou a grande quantidade de escravos cujos<br />

comportamentos denotavam pouca preocupação com as regras. A cidade que a época apresentava<br />

uma situação econômica e política modesta, na qual demandava uma vigilância menos intensa e com<br />

punições mais condescendentes, segundo o autor, por apresentar uma característica de ―escravidão de<br />

quintal‖, fez com que os escravos, diante dessa frouxidão da vigilância e dos castigos, manifestassem<br />

suas resistências e oposições para viver suas ilusões e paixões. 162<br />

Escravidão, criminalidade e cotidiano – Franca 1830-1888 é o tema da dissertação de Ricardo<br />

Alexandre Ferreira que aborda o cenário da criminalidade de uma região rural, povoada principalmente<br />

por migrantes oriundos de Minas Gerais, com uma vocação econômica ligada ao consumo e<br />

abastecimento interno e dotada de senhores de poucos escravos, durante a vigência do Código<br />

Criminal do Império do Brasil (1830-1888). O autor constatou que os ―crimes contra a pessoa‖ não<br />

refletiram uma especificidade do cativeiro, tendo em vista que acompanharam o padrão geral da<br />

criminalidade local envolvendo a população livre. Muitos escravos indiciados como réus, em delitos<br />

contra seus senhores ou familiares nasceram ou mesmo foram levados ainda jovens para a residência<br />

160 SOUSA, Claudete de. Formas de ações e resistência dos escravos na região de Itu – século XIX (1850-1888). 1998.<br />

Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista, Franca,<br />

1998.<br />

161 SANTOS, Luciana de Lourdes dos. Crime e liberdade: O mundo que os escravos viviam – Rio Claro – SP (1870-1888).<br />

2000. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara,<br />

2000.<br />

162 SILVA, César Múcio. Escravidão e violência em Botucatu 1850-1888. 1996. Dissertação (Mestrado em História) –<br />

Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Assis, 1996.<br />

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