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Barão

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posto que a materialização desta ―Paris‖ no interior paulista se detinha inclusive nos<br />

detalhes sórdidos da modernização – a urbe tomou também para si práticas como o<br />

expurgo dos populares das áreas centrais, a implementação de hospitais a margem do<br />

centro cada vez mais vivo e dinâmico, além de todas as outras ‗nobres‘ ações do<br />

processo civilizador. 434<br />

Esta modernização provocou nos solos ribeirãopretanos a expansão de um ativo comércio,<br />

pequenas profissões, indústrias, crescimento demográfico, o aumento no número de construções na zona<br />

sul – o ―quadrilátero central‖ – e nos crescentes bairros, surgimento de jornais e revistas, chegada dos<br />

automóveis, o Teatro Carlos Gomes, cinemas, confeitarias, butiques, etc.<br />

As mudanças promovidas pelo urbanismo e pela nova dinâmica da vida noturna<br />

na Petit Paris mudaram efetivamente as relações de gêneros. A mulher passa a ser<br />

vislumbrada, mais do que nunca, como sendo um símbolo do processo civilizador: tanto<br />

a esposa associada ao espaço privado, quanto à meretriz ligada ao espaço público.<br />

Muitas foram às ocasiões em que se utilizou a imagem feminina a fim de simbolizar a<br />

liberdade, por meio da moda, dos cosméticos, da possível inserção no mercado do<br />

trabalho, dos novos hábitos alimentares realizados através das confeitarias, armazéns,<br />

butiques, teatros, aulas particulares de piano – francês, clubes, piqueniques, passeios<br />

no parque entre outras atividades, geralmente ligadas ao comércio. 435<br />

Através da dinâmica da cultura cafeeira - que envolvia elites citadinas – a modernidade se<br />

enraizava em Ribeirão Preto e, desde o início deste processo histórico a cidade ―foi condenada a assimilar<br />

a modernização dos costumes e da paisagem urbana, fruto de um amálgama de contrários (rural/ urbano;<br />

atraso/ progresso; civilização/ barbárie) [...] A caipirada poderia respirar, em suma, a sua própria Belle<br />

Époque. Talvez mais surpreendentes do que suas primas São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e outras<br />

capitais, pois o esforço civilizatório empregado pelas elites ribeirãopretanas – arrivistas, nômades e<br />

politicamente influentes no Estado – para engendrar a tão sonhada modernidade era sofregamente<br />

percebida‖. 436 No entanto, existiam alguns elementos que emperravam o processo civilizatório.<br />

É o que nos mostra a imagem que se segue:<br />

434 Idem, p. 144. No período da chamada Primeira República, tempo das aspirações modernas e efêmeras, o historiador<br />

Rodrigo Ribeiro Paziani traz mais alguns nomes que a cidade recebera, como, por exemplo: “[...] Canaã Paulista,<br />

Califórnia do Café, País do Café, Eldorado, Capital D´Oeste, etc. Mas nada que se comparasse ao título de Petit Paris da<br />

zona mogiana”279. A partir deste último, Ribeirão Preto passou a ser “passagem obrigatória de ilustres autoridades<br />

políticas brasileiras e estrangeiras, de escritores e artistas renomados, de companhias de ópera ou mesmo de simples<br />

viajantes que se entusiasmavam com o progresso da cidade”. Cf. PAZIANI, R. R. Outras leituras da cidade: experiências<br />

urbanas da população de Ribeirão Preto durante a Primeira República. Universidade Federal Fluminense, Departamento<br />

de História., v.10, n.19, Jul. – Dez. Rio de Janeiro: 2005,p.181.<br />

435 FRANÇA, Jorge Luis de. Meretrizes na Belle Époque do café: cabaré e sociedade (1890-1920). Ribeirão Preto, 2006.<br />

Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em História) – CEUBM, p.60.<br />

436 PAZIANI, Rodrigo Ribeiro. Construindo a Petit Paris... Op. cit., p.47 - 48.<br />

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