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Barão

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A contraposição da coisificação do escravo surge com a historiografia da década de 1980 e<br />

1990, que compreende o escravo como sujeito histórico capaz de construir seus valores. São trabalhos<br />

que buscaram demonstrar que os negros foram protagonistas da escravidão, ainda que não<br />

participassem de insurreições ou mesmo estivessem aquilombados. Estes trabalhos procuram<br />

perceber as ações dos escravos, deslocando-as de um quadro teórico assentado apenas na macro-<br />

análise para a micro-análise, possibilitando, assim, o surgimento de novas abordagens, tais como:<br />

como os cativos pensavam o mundo e atuavam nele? Não é, entretanto, uma tarefa muito fácil<br />

encontrarmos a rigor, os fatores que levaram a uma revisão da historiografia dos anos de 1960 e 1970,<br />

e consequentemente, dos avanços e formulações de novas linhas de pesquisa e análise. Contudo,<br />

algumas das principais linhas desta corrente, surgiram com o advento do ano de 1988, ano da<br />

―comemoração‖ do centenário da abolição.<br />

Não é possível ignorar a gama de publicações realizadas neste período, em revistas de<br />

História e de Ciências Sociais acerca do tema. São trabalhos realizados tanto no Brasil quanto no<br />

exterior e que, ainda hoje, são relevantes para aqueles que queiram se aprofundar no debate sobre a<br />

escravidão e as questões raciais do país. São pesquisas que procuram se libertar dos modelos<br />

generalizantes e rígidos, adotados anteriormente. Os autores desta ―nova‖ historiografia foram<br />

grandemente influenciados pela Nova História francesa, pelo marxismo de Edward Palmer Thompson e<br />

por Eugene Genovese, dentre outros.<br />

Os estudos referentes a este período apontam outras direções das ações escravas e suas<br />

relações no mundo da instituição escravidão. São trabalhos que apontam para a importância do uso de<br />

novas fontes de pesquisa, destacando a utilização de fontes que possam recuperar a visão dos<br />

―esquecidos‖ em documentos como testamentos, inventários, anúncios de fugas, relatórios policiais e<br />

processos criminais, a fim de dar conta de recuperar as experiências vividas por homens e mulheres,<br />

recuperar seus sentimentos, valores e normas, que orientavam suas ações e percepções determinadas<br />

por uma racionalidade própria na luta cotidiana contra o processo de escravidão.<br />

Inúmeros autores e obras colaboraram para esse avanço na linha de investigação, de acordo<br />

com Ronaldo Vainfas o início se deu com a autora Kátia Mattoso em Ser escravo no Brasil que, ―[...]<br />

recolocou a importância do paternalismo como mecanismo de poder senhorial e, por meio disso, negou<br />

a quase exclusividade do fator violência como explicação do sistema escravista. [...]‖. 134 Além da<br />

importância de se estudar a África, as etnias e as religiões para se compreender a conformação da<br />

cultura negra brasileira. 135<br />

134 VAINFAS, R. Op. cit., p. 19.<br />

135 Idem. Ibidem, p. 19.<br />

125<br />

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