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Barão

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O momento de euforia causado pela mudança do regime fez com que diversas camadas da sociedade<br />

atribuíssem à educação um papel fundamental para a resolução dos problemas nacionais. Assim, o tema<br />

ganha destaque entre as inúmeras discussões em torno do desenvolvimento nacional. Todavia, ao<br />

tomarem por completo o controle do Estado, as oligarquias agrárias esfriaram, em grande parte, os<br />

debates e as aspirações de mudança em torno da educação, na análise de Fernando de Azevedo:<br />

Com a descentralização imposta pela vitória das idéias federalistas; com a desorganização econômica resultante da<br />

abolição do elemento servil, e com as lutas que se seguiram para a consolidação do novo regime, transferiram ao<br />

primeiro plano as questões essenciais de ordem política e financeira, a educação e a cultura, que só se expandiram nas<br />

mais importantes regiões econômicas do país, como São Paulo, puderam seguir, sem transformações profundas, as<br />

linhas de seu desenvolvimento tradicional, predeterminadas na vida colonial e no regime do Império. 545<br />

Dessa forma, permaneceu por toda primeira república aquele sistema livresco e humanístico tão criticado<br />

pelas correntes de pensamento que vão aparecendo. O positivismo conseguiu exercer alguma influência,<br />

principalmente, na reforma de Benjamim Constant – Ministro da Pasta da Instrução, Correios e Telégrafos<br />

(1890-1892) – no entanto, Azevedo indica que a descentralização e a transferência das obrigações<br />

educacionais para os municípios fazem com que sua reforma vá se diluindo e tomando características<br />

específicas nas diferentes regiões.<br />

No caso de Ribeirão Preto, região que se propõe estudar, a educação liberal passa a ser alvo de uma elite<br />

urbana que vai se fortalecendo na medida em que o trabalho escravo vai sendo substituído pela mão-de-<br />

obra livre. A crescente urbanização e industrialização da cidade criam a necessidade de uma educação<br />

voltada para os diferentes ofícios o que não seria possível através do ensino tradicional ministrado por<br />

instituições católicas.<br />

Não só na cidade, como em boa parte dos centros urbanos em desenvolvimento do país essa iniciativa de<br />

uma educação de cunho liberal atrelou-se, a princípio, à uma elite maçônica que despontou como grande<br />

veículo de divulgação do pensamento ilustrado. Segundo Alexandre M. Barata:<br />

[...] entre 1870 e 1910, as lojas transformaram-se em centros de discussão e formação de consenso sobre os grandes<br />

temas relacionados à construção de uma nova identidade nacional. Além de se voltarem para a Questão Religiosa, os<br />

debates maçônicos expressavam um claro interesse em intervir na resolução dos problemas nacionais, especialmente a<br />

‗questão servil‘ e a idéia de República. 546<br />

545 AZEVEDO, Fernando de. A transmissão da cultura. São Paulo: Melhoramentos, 1976. P. 119.<br />

546 BARATA, Alexandre M.. A maçonaria e a ilustração brasileira. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 1,<br />

n. 1, Oct. 1994. P. 91.<br />

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