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Barão

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Se para Vainfas a obra de Mattoso é importante para que se entenda essa renovação, para<br />

Gorender, a obra Ser escravo no Brasil teria sido escrita para um público estrangeiro, um trabalho de<br />

divulgação, um trabalho sumário e impreciso, ressalvando apenas a inegável contribuição inovadora da<br />

autora para o estudo da alforria. 136<br />

É possível, entretanto, identificar em Mattoso a defesa da escravidão benevolente, como<br />

podemos observar a seguir no excerto retirado da obra da autora.<br />

Humildade, obediência, fidelidade: sobre este tripé vai se encenada a vida<br />

desses homens, mercadorias muito particulares pois, apesar de tudo, os<br />

compradores proprietários terminam sempre por se aperceberem de que os<br />

escravos também são homens e uma certa espécie de intimidade se pode<br />

estabelecer com eles, se são fiéis, obedientes, humildes. [...]. 137<br />

No entanto, Gorender não critica apenas a obra de Mattoso, mas sim toda essa nova corrente<br />

historiográfica que ele a denomina de neopatriarcalista, pois teria o objetivo explícito ou tácito de<br />

reabilitar o aspecto doce e ameno da escravidão negra no Brasil. 138<br />

Sob a elaboração de uma inovadora proposta teórico-metodológica aplicada a um conjunto<br />

diversificado de fontes, foi possível a realização de trabalhos que mantiveram um debate com os<br />

antecedentes e novas conclusões foram obtidas. 139<br />

A partir de diversas análises esses autores da nova historiografia da escravidão, há de se<br />

ressaltar que eles procuraram apresentar homens e mulheres cativos que lutaram cotidianamente para<br />

o fim da escravidão.<br />

Em Visões da liberdade – Uma história das últimas décadas da escravidão na Corte de Sidney<br />

Chalhoub, obra que a partir da análise de processos criminais procura entender como se deram as<br />

negociações de compra e venda entre senhores e escravos nos momentos finais da escravidão no<br />

Brasil. Para tanto Chalhoub acredita que o historiador deve ter a capacidade de empreender um<br />

esforço minucioso na decodificação e na contextualização dos documentos para se chegar ao que ele<br />

denomina de dimensão social do pensamento. 140 Na qualidade de um grande investigador das pistas<br />

136 GORENDER, J. Op. cit. p. 15.<br />

137 MATTOSO, Katia M. de Queirós. Ser escravo no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. p. 102.<br />

138 GORENDER, J. Op. cit. p. 18.<br />

139 Podemos citar algumas obras e autores dessa fase, dos quais valem destacar: SLENES, Robert W. Na Senzala Uma<br />

Flor – Esperanças e recordações na formação da família escrava.Brasil Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova<br />

Fronteira, 1999.; FLORENTINO, Manolo & GÓES, José Roberto. A paz das senzalas: famílias escravas e tráfico atlântico,<br />

Rio de Janeiro, c. 1790 – c. 1850. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997. ; MATTOS, Hebe Maria. Das cores do<br />

silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista – Brasil século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.;<br />

AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites – século XIX. Rio de<br />

Janeiro: Paz e Terra, 1987., dentre outros.<br />

140 CHALHOUB, S. Op. cit. p. 16.<br />

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