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Barão

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Dessa forma, a linha divisória que separava os vivos dos mortos, o sagrado e o profano, era<br />

muito tênue. A morte temida era aquela que ocorria sem a preparação antecipada do funeral. Se os<br />

vivos cuidavam bem de seus mortos, enterrando-os de acordo com os rituais adequados, não havia<br />

nenhum problema ou perigo espiritual ou físico.<br />

Esperava-se a morte no leito, como uma cerimônia pública, onde o quarto do moribundo<br />

também se transformava numa cena pública, no qual transitavam muitas pessoas apesar das<br />

reclamações dos médicos do século XVIII, quanto à excessiva quantidade de pessoas próximas aos<br />

que agonizavam, mas para o doente essas visitas eram muito importante, estar cercado de parentes e<br />

de amigos no momento de sua partida final.<br />

No decorrer do século XVIII, uma nova atitude diante da morte e dos mortos se concretiza ,<br />

principalmente com o Iluminismo, com a valorização da razão, da laicização das relações sociais e<br />

secularização da vida cotidiana, é a chamada morte selvagem 616 .<br />

A morte começa a seguir um sentido dramático: o roubo do homem do seu cotidiano e da sua<br />

família, começam os cultos aos cemitérios com a veneração ao luto e o temor da morte do ente<br />

querido.<br />

No início do século XIX com o avanço da medicina e a higienização, os enterros começam a<br />

ser proibidos dentro das igrejas, assim passam a ser construídos ao lado dessas, substituindo as<br />

tumbas em seu interior.<br />

A partir da metade do século XIX, a morte se transforma em um tabu e a partir de 1930 ocorre<br />

a mudança social da morte com a medicina, o moribundo morre sozinho numa cama de hospital, não<br />

mais em casa entre seus entes queridos. A ciência e a medicina prescrevem a condenação de<br />

pacientes a meses ou anos de vida, de acordo com a gravidade de suas doenças.<br />

Depois de morto o cadáver é encaminhado ao necrotério e de lá para o velório, tudo isso longe<br />

das crianças, que são poupadas da verdadeira situação do parente que se foi, para elas se diz que a<br />

pessoa está dormindo um sono profundo e para sempre, descansando nos jardins do céu. 617<br />

1.2 O Dia dos Mortos<br />

O dia de Finados foi institucionalizado no século XII, inserido oficialmente no calendário sob a<br />

orientação do clero, através da influência da Abadia de Cluny. A partir desse momento o culto aos<br />

615 Idem, p. 74-75.<br />

616 Ibid., p.34-35.<br />

617 MARANHÃO, J.L.Souza. O que é Morte. São Paulo, Brasiliense, 1987, p. 10-14.<br />

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