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Barão

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1.1 – E se não fosse a cana?<br />

Atualmente a maioria dos veículos de imprensa da região de Ribeirão Preto têm repetido<br />

inúmeras vezes sobre a potencialidade da cana-de-açúcar e seus diversificados mix de produtos, entre<br />

eles o etanol e o biodíesel. É marcante como há uma intenção em reafirmar o álcool como o<br />

protagonista econômico, que poderá ser o salvador da economia brasileira. Devido também as<br />

discussões mundiais sobre o aquecimento global, surge nela - na cana - outra argumentação<br />

ambiental; o seu papel na diminuição da emissão de gases de monóxido de carbono.<br />

Preocupados em encontrar respostas tanto para a realidade do setor canavieiro e,<br />

principalmente, no que tange a realidade do trabalhador rural, começamos a pesquisar as mais<br />

variadas notícias referentes ao tema e começamos a perceber que todo discurso é construído sempre<br />

a partir de um lugar social, que tem definido seus pares e as intencionalidades. 872 O conteúdo<br />

encontrado nos mais variados veículos insiste na tese da modernidade agrícola e na possibilidade de<br />

estarmos vivendo uma nova época na qual Ribeirão Preto passa a ter mais um título (ou apelido<br />

momentâneo): A Eldorado verde 873 .<br />

Ribeirão Preto ao longo de sua história tem recebido os mais variados títulos, apelidos,<br />

codinomes, e, atualmente, vivemos em busca de uma identidade, de uma memória própria. Capital do<br />

Café, Bélle Époque, Petit Paris, Capital da Cultura, Capital do Chope, Califórnia Brasileira, Capital do<br />

Agro negócio, e mais recentemente, Ribeirão Preto é comparada com o Texas. O Estado norte-<br />

americano além de ser fornecedor de petróleo, é uma das regiões de alta concentração de riqueza e<br />

modernidade. Ribeirão Preto é citada pela revista Exame como o novo Texas, um local de riqueza,<br />

prédios luxuosos com revendedoras de carros importados, que encanta e seduz a qualquer um que<br />

não conheça a real situação dessa cidade. 874 São tantos títulos, mas ao mesmo tempo nenhum.<br />

A sociedade da região de Ribeirão Preto fomenta debates sobre a pujança açucareira e um<br />

setor mais específico dela se dedica à construção dos discursos da mídia em geral: as usinas e as<br />

destilarias de álcool. Quais as intenções do setor canavieiro em ser o pioneiro no processo vivido pelo<br />

etanol como fonte renovável de energia global? O bem comum da cidade de Ribeirão Preto? Interesses<br />

puramente econômico? Preocupações ambientais mundiais? Empregabilidade para os trabalhadores<br />

pouco qualificados?<br />

872 CERTEAU, M. A operação histórica. In LE GOFF, J; NORA, P. História: novos problemas. Rio de Janeiro: Livraria<br />

Francisco Alves, 1988. p. 17/48.<br />

873 Capa da revista Expressão Feedback de maio de 2007, ano 10, nº 115, p.30.<br />

874 Reportagem da revista Exame, especial 40 anos, 15/08/2007, ano 41, nº 15, p.30-33.

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