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Barão

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Muitas foram às ocasiões em que se utilizou a imagem feminina a fim de simbolizar o ideário de<br />

liberdade, seja por intermédio da moda, dos cosméticos e da possível inserção no mercado de<br />

trabalho. Surgem novos hábitos através das lojas de departamentos, confeitarias, armazéns, butiques,<br />

teatros, alfaiatarias/moda, aulas particulares de piano/francês, clubes, piqueniques/passeios no parque,<br />

surge o trem símbolo da modernidade, à eletricidade, o telegrafo e mais adiante o rádio, entre outras<br />

novidades ligadas ao comércio e lazer civilizado.<br />

A partir da década de 1900 são promovidas diversas alterações nos espaços públicos e<br />

privados. Personagens femininas começam a ganhar posições que antes eram qualificadas como<br />

espaço exclusivamente masculino. Um bom exemplo é no campo educativo que ganha mais força e na<br />

escrita de livros, jornais, revistas, entre outros materiais. Em artigo intitulado: ―Algumas escriptoras<br />

francezas de hoje‖ os redatores do jornal Diário da Manhã, Veiga Miranda e Albino Camargo enfatizam:<br />

A revista ingleza ―The BrooKman‖ nota que hoje, na França as mulheres de<br />

letras chegam á primeira fila dos escritores, abandonando os pseudonymos<br />

masculinos das escriptoras que as precederem e assignando os seus livros com os<br />

seus próprios nomes.<br />

Entre estas romancistas em pleno exito, tanto de dinheiro como literario,<br />

cumpre citar, em primeiro logar, Mme Daniel Lesneur, autora de mais de quarenta<br />

volumes, condecorada com a Legião de Honra, e, depois da morte de George Sand,<br />

a unica mulher que foi eleita para a vice – presidencia da Societé de Gens de<br />

Lettres; mas ao passo que a vice – presidencia de George Sand foi puramente<br />

honorifica, a de Daniel Lesneur é effectiva, pois toma parte activa nos trabalhos do<br />

―comite‖. 23<br />

O final século XIX é apontado como marco das mudanças e transformações tecnológicas e<br />

culturais as quais modificaram a condição e participação feminina no universo público. Em artigo<br />

intitulado ―Novos Hábitos: espaços sociais e moda feminina na Bélle Époque‖ narrei em parceria com a<br />

historiadora Letícia Aparício:<br />

Pesa contra o século XIX, a imagem de ser sombrio triste austero e opressivo<br />

para as mulheres. Todavia, neste momento ocorre um impulso para a independência<br />

feminina, pois as conseqüências das mudanças econômicas, políticas, sociais e<br />

culturais lhe são favoráveis. 24<br />

Neste universo de novidades e conservadorismo, o imaginário produzido pelo grupo social a<br />

respeito do gênero feminino reproduzia antagonismos. Por um lado, as digníssimas damas eram tidas<br />

como portadoras do saber se portar perante a sociedade e, necessárias para o processo de civilização.<br />

Por outro viés, havia certo temor devido à questão sexual que simbolizavam. Desta forma, a<br />

personagem feminina referenciava na mentalidade social os mais variados atributos, dos quais se<br />

23 (APHRP) DIÁRIO DA MANHÃ. Algumas escriptoras francezas de hoje. Ribeirão Preto, 5 jun, 1913, p.1.<br />

24 FRANÇA, J. L; APARÍCIO, L. R. Novos hábitos... Op. Cit., p.332.<br />

Na Trilha da Modernidade Cafeeira 142

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