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Barão

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Para finalizar a questão conceitual a respeito das relações de poder, escolhemos o teórico Pierre<br />

Bourdieu. Em sua obra O Poder Simbólico, ele desenvolve a idéia de que o poder exercido dentro do<br />

convívio social vai muito além apenas das questões econômicas. O autor analisa as questões culturais,<br />

como idioma, religião, influências afetivas etc. Mas quando abrange as questões políticas ele afirma<br />

que essas relações vão além da política institucional, mas sim em questões puramente ideológicas,<br />

questões essas que se encontram nas esferas culturais, usando como exemplo a religião, o idioma,<br />

costumes e te mesmo o discurso utilizado por uma minoria para se estabelecer um consenso social, e<br />

este discurso é aceito e assimilado pela população através de relações simbólicas 62 .<br />

Como o assunto a ser desenvolvido volta-se para as oligarquias locais, pensamos ser prudente<br />

explicitar antes de qualquer coisa os conceitos construídos em torno desta categoria de análise, que<br />

aflorou e se afirmou na História do nosso país, principalmente nos meados do nosso Império no século<br />

XIX e inicio do século XX, nas primeiras décadas da República. Nesse sentido, Fernand Braudel nos<br />

conduzirá através da linha metodológica da longa duração, nos auxiliando a traçar as origens dessas<br />

oligarquias regionais na historiografia, e como elas permaneceram no topo da pirâmide hierárquica ao<br />

longo da nossa História . 63 Lembrando que diferente da teoria foucaultiana, Braudel e Rémond<br />

dialogam sobre o momento em que se avalia os movimentos ideológicos que modificam o curso da<br />

História ou, ao contrário, conseguem fazê-lo permanecer, mantendo o status quo social:<br />

Essas oposições ignoram a pluralidade dos ritmos que caracterizam a história política. Esta se desenrola<br />

simultaneamente em registros desiguais: articula o contínuo e o descontínuo, combina o instantâneo o<br />

extremamente lento. Há sem dúvida todo um conjunto de fatos que se sucedem num ritmo rápido, e aos quais<br />

correspondem efetivamente datas precisas: golpes de Estado, dias de revolução, mudanças de regime, crises<br />

ministeriais, consultas eleitorais, decisões governamentais, adoção de textos legislativos... Outros se inscrevem<br />

numa duração média, cuja unidade é a década ou mais: longevidade dos regimes, período de aplicação dos<br />

tipos escrutínio, existência dos partidos políticos. Outros ainda têm por unidade de tempo a duração mais longa:<br />

se a história da formação políticas fica mais na duração média, em compensação a das ideologias que as<br />

inspiram está ligada à longa duração 64 .<br />

Relacionado com a questão conceitual do termo coronelismo e suas características mais<br />

ímpares e principalmente as políticas de compromissos, as quais podemos dizer que eram uma das<br />

maneiras dessa oligarquia manter o controle sobre tudo e todos, analisamos algumas obras que nos<br />

abriram um leque de aspectos, alguns distintos, outros similares ao assunto em questão.<br />

Primeiramente, não teríamos outra forma de iniciar essa exposição conceitual se não por Victor Nunes<br />

Leal. Em sua obra Coronelismo, Enxada e Voto, na qual estuda as origens e formações destas<br />

oligarquias regionais, sendo ele um dos primeiros a conceituar as políticas locais do país, no período<br />

62 BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. 8ª ed: Rio de janeiro; Editora Bertrand Brasil, 2005.<br />

63 BRAUDEL, Fernand. História e Ciências Sociais. 5ª ed: Lisboa; Editorial Presença, 1986.<br />

64 RÉMOND, 2003 op. cit; p. 34.<br />

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