Barão

Naquela região, os tecidos eram vendidos por um turco, conhecido como ―Zé da Seda‖, porque
naquele tempo utilizava-se mais a seda para a confecção das roupas, era um tecido refinado e elegante.
As cores da seda eram muito variadas: azul, vermelha, cores claras, estampas miúdas, etc.
Este vendedor comercializava os cortes de tecido para as famílias, e em quase todas as famílias
existia uma pessoa que costurava. Também existiam as costureiras/ modistas, que costuravam tanto as
roupas de festa como as para o dia. O acabamento das peças era manual, o que conferia um aspecto
muito caprichado ao produto final. Os vestidos sempre tinham detalhes confeccionados em renda,
bordados e babados.
Tanto as modistas quanto os alfaiates recebiam os ―manuais de estilo‖ ou ―figurinos‖ – importados da
Inglaterra e França – que continham as tendências de moda da Inglaterra, França e Itália. O conteúdo de
tais manuais eram cortes de manga, de golas, de vestidos, de ternos, etc. Serviam também para que as
clientes pudessem escolher seus modelos prediletos, e os tecidos eram escolhidos de acordo com a
indicação da modista.
O pai de Mário Ricci, na sua função de alfaiate, costurava para os fazendeiros de café. Com exceção
dos trabalhadores braçais, todos ganhavam muito bem, pois o café valia muito. Sendo assim, o dinheiro
ganho era gasto em roupas, em jogo, em viagens à Europa, nos cabarés e nas idas ao Teatro Carlos
Gomes em Ribeirão Preto.
Tais mulheres tinham agora uma vida noturna! Iam a bailes, cinemas, teatros (Teatro Carlos Gomes,
Pedro II), cafés, desfilavam seus vestidos na Praça XV. Os livros que liam e as peças as quais assistiam
eram francesas, bem como a música que ouviam e a comida que comiam. Maria Luisa Albiero Vaz afirma
que as senhoras ricas ―não costumavam sair sozinhas às ruas, mas faziam questão de se vestir com as
últimas novidades trazidas de Paris, para poderem frequentar, devidamente acompanhadas, as
temporadas de óperas‖.
FIGURA 27 – Teatro Carlos Gomes, fachada – Rua Visconde de Inhaúma e lateral – Rua General
Osório, s/d.
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