Barão

trabalho e nos dias em que não houvesse trabalho, o empregador pagaria salários integrais, calculados
na média diária da semana trabalhada.
O secretário da agricultura, Nelson Mancini Nicolau, em 25/05/1984, comentou sobre os
episódios ocorridos no nordeste do Estado de São Paulo com os trabalhadores rurais, e discordou dos
atos de violências, que resultaram até em morte, mas concordou que há mais de vinte anos o bóia fria
não era respeitado da forma que deveria. Segundo palavras dele: ―[...] o que aconteceu nos últimos
vinte anos, com uma política social e econômica madrasta, marginalizou o trabalhador rural‖.
Temos a plena consciência de que esse movimento dos trabalhadores rurais não terminou com
todos os problemas do seu dia a dia no campo, não combatendo ainda suas origens e raízes, mas
serviu para demonstrar, principalmente, a sua posição quanto ser humano e trabalhador, com algumas
garantias trabalhistas, e ainda, a sua inclusão social direta no processo do desenvolvimento econômico
do Pro Álcool e na edificação histórica do país.
Antes, apenas alguns setores da sociedade se preocupavam com esses homens do campo,
mas recentemente, em junho de 1991, a Câmara dos Deputados em Brasília elaborou um relatório para
analisar a situação do setor sucroalcooleiro brasileiro e no item ―A posição dos Trabalhadores Rurais‖
tínhamos a seguinte situação:
[...] Há cerca de 1,5 milhão de pessoas que trabalham na produção de canade-açúcar
[...] em seus depoimentos ainda existe o desrespeito com às leis
trabalhistas em várias regiões brasileiras e até a existência de trabalho escravo em
algumas regiões. [...] os trabalhadores também se mostraram preocupados com a
tendência à mecanização [...] o presidente do CONTAG ressaltou que não se
questiona a existência do Pro Álcool, o que preocupa é a forma de como ele foi
implantado, a forma como é gerenciado [...] é preferível corrigir os problemas e
garantir o emprego. 938
As dificuldades sanadas em 1984, continuaram no decorrer dos anos e precisamos ficar
atentos para esse lutador do campo que é utilizado como mão de obra barata e até escrava. Os jornais
atuais têm relatado algumas mortes de bóias frias – de janeiro até outubro de 2007 – que já chegam a
dezoito mortes por ataque cardíaco. Para o setor patronal é mera coincidência e o motivo da morte se
refere a herança genética ou algum outro fator fisiológico. Para o setor dos sindicatos dos
trabalhadores rurais e da promotoria é a fadiga o motivo principal, pois o salário do bóia fria depende
da sua produtividade e quanto mais se corta cana mais salário ele ganhará... ou não.
938 Relatório da Sub-Comissão Especial para exame da situação do setor sucroalcooleiro Brasileiro, p.4.