Barão

Quando Constância Duarte aponta as datas de 1830, 1870, 1920 e 1970 ela esta mostrando que
na história as ações e alterações de hábitos, transformações sociais não são filhas do acaso.
Compartilhando a idéia da longa duração percebemos que a avaliação da autora esta correta, pois se
fez necessário um longo período de movimentos e atuações do pensamento feminista para enfim, tais
personagens serem ouvidas. Assim, ao estarem transmitindo suas idéias em jornais, revistas,
almanaques, na política, as personagens femininas estão preparando a sociedade para as realizações
de suas reflexões.
As mudanças se aceleravam, a mulher distante, mesmo próxima, curtindo o luto cerrado em si, o
burburinho do quotidiano acentuando os silêncios tristes. Ela olhava num ponto fixo, e ali se quedavam
horas, quase dias inteiros vendo o vazio que era seu cotidiano. Enfim leituras, romantismo Gonçalves
Dias, Álvares de Azevedo, amor morte idealização do irreal nas quais em cada pagina as donzelas
empregavam imagens reluzentes dos mistérios entre as filhas do céu e os vultos de sonhos do ser
adolescente. Tavernas, Lira dos vinte anos, revelam que a geração do século XIX estava sendo
caracterizada por mudanças na mentalidade. A poesia deste período reflete as intensivas lutas que
estavam acontecendo neste Brasil de D. Pedro II e, dos projetos do homem cortes e da mulher
recatada.
Nesta borbulho de novidades que foi realizado na virada do século XIX, início do século XX, no
vaivém de paginas de livros e jornais mulheres começam a se mobilizar. Para tanto, organizam grupos
de senhoras, importam novos costumes, hábitos moda. Cronologicamente o Brasil passava pelas
alterações urbanísticas promovidas nas principais cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo, Ribeirão
Preto entre outras localidades que iniciam um período de forte apogeu econômico. Tomando
emprestadas as palavras de Duarte percebemos:
Muitos nomes se destacam, entre eles o de Bertha Lutz (1894-1976), formada
em Biologia pela Sorbonne, que vai se tornar uma das mais expressivas lideranças
na campanha pelo voto feminino e pela igualdade de direitos entre homens e
mulheres no Brasil. Durante anos Bertha foi incansável nos discursos, nas
audiências com parlamentares, e na redação de textos inflamados, como o que
públicou na Revista da semana, em 1918, denunciando a opressão das mulheres e
propondo a criação de uma associação para ―canalizar todos os esforços isolados‖.
Com outras companheiras, logo fundou a Federação Brasileira pelo Progresso
Feminino, que se disseminou em praticamente todos os Estados e resistiu por quase
cinqüenta anos. 23
Berta Maria Júlia Lutz filha do famoso cientista Adolfo Lutz que liderou o movimento decisivo
para a conquista do voto. Seu trabalho foi responsável pela aprovação do Novo Código Eleitoral, em
1932, no governo de Getúlio Vargas.
23 DUARTE, C. L. Feminismo e literatura no Brasil... Op. Cit., p.160.
Jorge Luiz de França 112