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Barão

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dos proprietários. Esse contato prolongado, segundo o autor, estimularia uma certa imprudência dos<br />

senhores que, não raramente, tentavam sozinhos amarrar e castigar seus cativos. Apesar da violência<br />

dos senhores e da vigilância das autoridades os escravos encontravam na mobilidade espacial, mesmo<br />

numa região rural, um terreno fértil para o estabelecimento de suas relações. Com os libertos<br />

evidenciaram-se agressões e ferimentos desencadeados por dívidas. Nas disputas com outros<br />

escravos predominaram conflitos semelhantes aos que mantiveram com os livres, destacando-se as<br />

chamadas relações ilícitas. Para a realização dessa dissertação foram utilizados os processos<br />

criminais, dispostos no Cartório do 1º Ofício Criminal de Franca, além dos documentos referentes à<br />

Câmara Municipal, do Arquivo do Estado de São Paulo (DAESP), Arquivo Nacional do Rio de Janeiro e<br />

uma leitura feita na Internet dos relatórios dos presidentes da Província de São Paulo, disponibilizados<br />

nas páginas da Universidade de Chicago. 163<br />

Depois desta breve exposição de alguns trabalhos regionais acerca da questão da escravidão,<br />

apresentaremos algumas produções sobre Ribeirão Preto, destacando os trabalhos de José Antonio<br />

Lages, Carlo Monti e Osmar David Júnior. O período privilegiado por estes estudos é a segunda<br />

metade do século XIX, o mesmo que elegemos para desenvolver a nossa pesquisa. São trabalhos que<br />

utilizam fontes primárias, registros hipotecários, inventários e fontes eclesiásticas, como batizados,<br />

casamentos e óbitos, para demonstrar a importância assumida pela localidade a partir da segunda<br />

metade do século XIX, bem como do uso da mão-de-obra escrava.<br />

A partir de dados extraídos de registros de hipoteca de propriedades rurais e urbanas nos<br />

termos de Ribeirão Preto e São Simão, Lages analisa a implantação e o desenvolvimento inicial da<br />

lavoura cafeeira no Oeste Novo Paulista e a utilização do braço escravo na passagem da década de<br />

1870 para a de 1880, num período de extrema inelasticidade deste sistema de trabalho. Devido aos<br />

poucos trabalhos desenvolvidos nesta região, acreditava-se que a utilização de mão-de-obra escrava<br />

tenha sido muito menor. Contudo, o autor demonstra que a região de Ribeirão Preto, em relação ao<br />

trabalho escravo do final do século XIX, ―[...] não foi tão desprezível como fazem crer alguns<br />

estudiosos‖. 164 Ressalta que, na verdade, a população cativa da região mais do que dobrou entre 1874<br />

e 1885. O que, segundo Lages, pode ter sido favorecido pela chegada dos trilhos da Mogiana, o que<br />

facilitou o escoamento da produção. E sobre o processo de substituição da mão-de-obra escrava pelo<br />

trabalho livre ―[...] foi bem mais tortuoso e cheio de contradições, avanços e recuos do que se pode<br />

163 FERREIRA, Ricardo Alexandre. Escravidão, criminalidade e cotidiano – Franca 1830-1888. 2003. Dissertação<br />

(Mestrado em História) - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista, Franca, 2003.<br />

164 LAGES, José Antônio. Escravidão no Oeste Paulista – continuidade e resistência: um estudo sobre a última década do<br />

trabalho escravo em Ribeirão Preto e São Simão. Estudos de História. Franca, 2 (1). 85-102. 1995. p. 86.<br />

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