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Barão

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3.3 Redes parentais e políticas de compromissos.<br />

Desde o início do processo de instauração da Câmara Municipal em Ribeirão Preto, percebe-se através<br />

da observação das Legislaturas da Câmara, uma tendência pela qual a maioria dos municípios do país<br />

passou: as redes parentais, ou seja, o casamento entre as famílias que detinham o domínio econômico<br />

pelo fato de serem donas de vasta extensão de terras e domínio político. Estas famílias encontram-se<br />

relacionadas às decisões municipais desde a formação e organização política na Câmara, podendo ser<br />

observadas desde a 1ª Legislatura.<br />

No período imperial, como já nos referimos nas páginas anteriores, competiam as Câmaras Municipais<br />

todo o processo de ordem administrativa, como a deliberação de projetos para o desenvolvimento da<br />

cidade e a eleição das funções ocupadas pelos membros participantes, como secretários,<br />

procuradores, fiscais, vereadores, presidente e todo o tipo de funcionário que viessem a precisar.<br />

Todas essas deliberações, como a própria Câmara estavam em posição de subordinação à Assembléia<br />

Legislativa Provincial, e dessa forma, sujeito a suas aprovações. A organização política burocrática<br />

articulava-se de forma a excluir toda a população que não se enquadrasse dentro dos devidos padrões<br />

sócio-econômicos estipulados, ou seja, só poderiam participar da vida política como eleitores e até<br />

mesmo como candidatos aos cargos de vereadores e juízes de paz os homens que, comprovassem<br />

residência mínima na cidade de dois anos, ter acima de 25 anos, uma renda anual superior a 200$000<br />

reis. A presidência da Câmara era exercida pelo vereador mais votado.<br />

Fica explícito que no período imperial o município de Ribeirão Preto, região em que se concentravam<br />

as maiores produções de café para a exportação do país, só participaram das decisões políticas<br />

aqueles homens que também, de alguma forma influenciavam na vida econômica. Este fato pode ser<br />

percebido ao analisar a Segunda Legislatura da Câmara, na qual são indicadas as profissões dos<br />

vereadores eleitos. De oito vereadores eleitos, apenas um negociante e um boticário, os outros seis<br />

eram fazendeiros do município, o que demonstra o caráter oligárquico da região.<br />

Dentre os nomes, e principalmente sobrenomes dos referidos vereadores, suplentes e funcionários,<br />

observamos que ocorrem uniões entre certas famílias. Um caso clássico, que pode até mesmo nos<br />

servir de exemplo são os Junqueira. Família que aparece desde 1874 nos registros da Câmara,<br />

juntamente com outras famílias, como os Souza, os Cunha, os Diniz. Exemplos de famílias que com as<br />

uniões concretizadas com outras famílias de forte poder econômico e político, aumentaram ainda mais<br />

sua representação política, sua força econômica e seu prestígio perante a sociedade. Ainda utilizando<br />

os Junqueira como exemplo, Souza Junqueira, Cunha Junqueira, Diniz Junqueira e Cunha Diniz<br />

Junqueira, são familiarizações que podem ser considerada uma parte da formação oligárquica, pois os<br />

Pereira Barreto, os Reis, os Silva, Reis Silva e assim sucessivamente, em um articulado<br />

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