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Barão

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A mulher que havia se tornado capaz de abandonar uma vida de futilidades queria valorizar-se, tirar<br />

os véus que encobriam seu corpo, fumar, dirigir automóveis e usar cabelos bem curtos. Tais atitudes foram<br />

consideradas como uma segunda Revolução na moda:<br />

Uma segunda revolução na moda ocorreu durante e logo após a Primeira Guerra<br />

Mundial, quando a Europa e a América, política, econômica e culturalmente,<br />

introduziram o que foi chamado de ―Mundo moderno‖. Mais uma vez, a juventude e a<br />

novidade ficaram na moda, e esta se transformou para enfatizar e proclamar a<br />

juventude. Milhares de mulheres entraram na segunda década do século com o aspecto<br />

de uma ampulheta e saíram dela modeladas como tapetes enrolados, se bem que<br />

muitas vezes com a assistência de penosos espartilhos que achatavam o corpo e com<br />

regimes de fome. 474<br />

A grande revolução da década ocorre em 1925, quando os trajes femininos encurtaram-se, indo até<br />

poucos abaixo dos joelhos, A cintura do vestido ou o cós da saia ficava logo acima dos quadris, onde o<br />

corpo da mulher ainda é largo, escondendo a cintura verdadeira, e o busto não era salientado: pelo<br />

contrário, era escondido. Sob esses vestidos curtos usava-se a uma nova roupa de baixo: a combinação. A<br />

moda tornou-se mais funcional, principalmente para a mulher que trabalhava fora:<br />

[...] um estilo um pouco mais democrático vai se generalizando, pelo número, pelo<br />

número considerável de operárias, profissionais liberais como médicas e advogadas, e<br />

pelas mulheres de classe média que trabalham como professoras, secretárias,<br />

telefonistas e enfermeiras. Aparecem algumas partes do corpo através dos primeiros<br />

decotes e das saias levemente mais curtas; os chapéus e os adornos, agora menos<br />

exuberantes, ainda seguem os ditames da moda parisiense. 475<br />

A busca pelo belo sempre esteve presente na vida humana, através de suas roupas que expressam<br />

idéias, conceitos, atitudes. A contar da modernidade, porém, o belo deixa de ser tido como associado ao<br />

eterno e se traduz no efêmero. Por conta disso é que Charles Baudelaire 476 afirmava que moda e<br />

modernidade são termos que caminham juntos. Nesse sentido, a moda feminina acaba se aglutinando à<br />

essa sociedade, modificando-se juntamente com o refinamento dos modos e a europeização da vida<br />

social. Passando a ser, contudo, um símbolo de classe e essencial para a definição da mesma. Portanto, a<br />

moda é tomada como um aspecto distintivo pelo qual a ―boa sociedade‖ demonstra – por meio de gestos,<br />

das posturas, da higiene e das roupas – que alcançou o estágio da civilização.<br />

474 idem, p.86.<br />

475 VAZ, Albiero Maria Luisa. Mulheres da elite cafeeira em São Paulo... Op. cit., p.151-152.<br />

476 BAUDELAIRE. Sobre a modernidade... Op. cit., 1996.<br />

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