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Barão

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luxuosas indumentárias. Um dado curioso apresentado por Maria Rita Moutinho é que certas salas de<br />

espetáculo ficavam iluminadas para que todos pudessem admirar a exibição de luxo 462 . Também os<br />

grandes restaurantes eram cenários da elegância e neles a alta sociedade exibia toda a família vestida na<br />

última moda.<br />

Os bulevares criaram novas bases – econômicas, sociais, estéticas – para reunir um enorme<br />

contingente de pessoas. No nível da rua, elas se enfileiravam em frente a pequenos negócios e lojas de<br />

todos os tipos e, em cada esquina, restaurantes com terraços e cafés nas calçadas. Tais cafés passaram<br />

logo a ser vistos, em todo o mundo, como símbolos de la vie parisienne 463 . Nesse sentido, as roupas<br />

femininas tiveram uma importância fundamental enquanto comunicação simbólica, pois transmitiam<br />

informações sobre o papel e a posição social daquelas que as vestiam. Diane Crane afirma, que na falta de<br />

outras formas de poder, elas usavam símbolos não-verbais como meios de se expressar:<br />

[...] As roupas da moda, apoiadas por outras instituições sociais, ilustravam a<br />

doutrina das esferas separadas e favoreciam os papéis submissos e passivos que as<br />

mulheres deveriam desempenhar [...] O ócio aristocrático era considerado a atividade<br />

apropriada para as mulheres casadas. Ao lhes ser negado efetivamente tudo – salvo<br />

uma participação muito limitada na esfera pública -, as mulheres eram identificadas de<br />

acordo com suas roupas. 464<br />

As teorias em torno da moda multiplicaram-se entre o final do século XIX e o início do século XX. E,<br />

curiosamente, passou a ocupar um lugar de destaque nas reflexões dos artistas e intelectuais da época,<br />

que buscavam desvendar o fenômeno da modernidade – processo que abarcava um novo modo de vida,<br />

uma nova cultura urbana, novos hábitos e novas preocupações.<br />

A moda em fins do século XIX marca nitidamente o contraste entre a figura da mulher trabalhadora e<br />

a da elite – a primeira pela sua própria condição, vestia trajes práticos, funcionais e menos elaborados; a<br />

segunda, ―envergando longos vestidos de inspiração francesa, penteados esculturais, chapéus<br />

ornamentados por vistosos arranjos de plumas e fitas, os tecidos importados como o veludo, a pura lã e a<br />

seda, em suas variadas versões‖. 465<br />

Gilda de Mello e Souza 466 afirma que todos esses expedientes - que pareciam desempenhar uma<br />

função estética – eram, na verdade, empecilhos vitais, usados para sublinhar o nível social. Seguindo esse<br />

462 MOUTINHO, M. R.; VALENÇA, M. T. A moda no Século XX... Op. cit., p.28.<br />

463 BERMAN, Marshall. Baudelaire: O Modernismo nas ruas. In: Tudo que é sólido desmancha no ar... Op cit., p.147.<br />

464 CRANE, Diane. A moda e seu papel social... Op. cit., p,199.<br />

465 VAZ, Albiero Maria Luisa. Mulheres da elite cafeeira em São Paulo... Op. cit., p.151.<br />

466 SOUZA, Gilda de Mello e. O espírito das roupas... Op. cit, p.127.<br />

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