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Barão

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intitulado Boletim Diocesano (que a partir de 1935 foi transformado em programa<br />

diário de radio). 4<br />

Mediante a existência desta fé regia controlada e interpretada pela regência em particular da<br />

Igreja Católica, a vida social e cultural da cidade de Ribeirão Preto foi dirigida e subordinada pelos<br />

diversos instrumentos de vozes do poder clerical aqui estabelecido e mantido. Sob a vigilância<br />

constante de quebras ou rupturas das tradições passadas. Deste modo, a vida mundana e/ou boemia<br />

desejada e estabelecida pela elite que se identificava com o universo europeu, antes de ser praticada e<br />

estabelecida teve que ser moldada. Os preceitos aqui estabelecidos não foram transmitidos como<br />

sendo parte absoluta da autonomia do corpo e/ou segundo a própria definição moderna de liberdade<br />

social e/ou individual. Neste microcosmo os anseios considerados modernos tiveram que trajar a<br />

vestimenta dos métodos da higiene e/ou preceitos considerados civilizados e de ordenamento público.<br />

Não obstante, os diversos investimentos econômicos foram realizados pela dinâmica cafeeira.<br />

Neste instante, um admirável mundo foi construído nos moldes do espírito francês, seja na moda<br />

feminina, na culinária, na fala e escrita, até mesmo no espírito altruísta. Deste modo, um desejável<br />

espaço público surgia no até então sertão paulista, no trilho deste processo de modernização e<br />

expansão do mercado cafeeiro, a historiadora Beatriz Garcia salienta: ―Essa planta mudou a economia<br />

do oeste paulista e transformou o panorama social da região, proporcionando o desenvolvimento de<br />

uma elite burguesa e de uma nascente classe média‖. 5<br />

Os cafezais plantados neste espaço seguiam um modelo urbano geométrico, da plantação à<br />

colheita. Este método foi orientado pela divisão de ruas e quadras, seguindo um padrão urbano de<br />

localização e aproveitando do terreno.<br />

O requinte urbanístico adotado pela modernização em Ribeirão Preto surge em grande monta<br />

em consonância dos grandes cafezais. Nasci aqui um admirável recôndito, dinâmico, rápido, inovador e<br />

ao mesmo tempo conservador. ―O projeto urbanístico municipal visava a construção de uma nova<br />

4 DE TÍLIO, R. Casamento e sexualidade em Processos Judiciais e Inquéritos Policiais na Comarca de Ribeirão<br />

Preto (1871 a 1942): concepções, práticas e valores. 2005, p.202, V. 1. Dissertação (Mestrado, Psicologia) - Faculdade de<br />

Filosofia Ciências e Letra de Ribeirão Preto/USP, 2005, p.29-30.<br />

Sobre a ―Criação de Bispado na República Velha: O Caso de Ribeirão Preto‖ a historiadora Nainôra Maria Freitas faz as<br />

seguintes considerações:<br />

A situação da Igreja católica no Brasil, na última década do século XIX e nas primeiras do seguinte, era de reorganização,<br />

em função da separação Estado - Igreja, advinda com a proclamação da República e consolidada no famoso decreto 119-A,<br />

de 7 de Janeiro de 1890. [...] Não por acaso, a criação das dioceses, desde a separação Igreja – Estado, era justificada pela<br />

proposta de regulamentar melhor as populações interioranas, para que as mesmas não aderissem ao discurso liberal e<br />

secularizante que atingia a sociedade da época. [...] A criação da diocese de Ribeirão Preto está inserida numa ralação<br />

também de poder econômico da região que, com o advento do café, transformou-se num dos pólos regionais de destaque<br />

no estado de São Paulo. Em menos de meio século da criação da paróquia, em 1876, tem-se a instalação do Bispado, em<br />

1909, quando outras cidades da região, mais antigas também buscavam o prestígio de receber o Bispo e se a sede<br />

religiosa da região. Ver em: FREITAS, N. M. B. A Criação de Bispados na República Velha: O caso de Ribeirão Preto. In:<br />

Claretiano (Revista do Centro Universitário). Batatais: Centro Universitário Claretiano. 2003, v.3, jan./dez, p.7-15.<br />

5 GARCIA, B. O Romance do Café. São Paulo: Alfa-Omega, 1999, p.115.<br />

Na Trilha da Modernidade Cafeeira 132

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