Barão

grandes urbes. Cinemas, teatros e cassinos chamavam a atenção da elite ―rurbana‖, que queria, a todo
custo, se modernizar. O café, os imigrantes, os fazendeiros e as ferrovias passaram a ser o grande elo
de sustentação dessa nova sociedade que estava surgindo – o campo se transformando em urbano.
Segundo Faria, a área central de Ribeirão Preto foi a primeira a se urbanizar, a partir de 1868,
com a construção da segunda capela.
Uma das principais regras é que o arruamento e a construção de casas deveriam ser
ordenados a partir do edifício da Igreja, indicando que o Largo da Matriz era referência de construção.
Estabelecendo um novo modo de vida em que as pessoas não vinham mais ao centro apenas para
rezar, mas também para consumir.
Fica claro que o Largo, mesmo como função principal vinculada a atividades
religiosas, é ocupado, também, por uma função comercial progressivamente
ampliada. Ela assume, ao mesmo tempo, a conotação de espaço da fé nos
momentos dedicados à devoção divina, e o espaço mercantil, nos momentos
dedicados à devoção do consumo, ainda de subsistência, mas que paulatinamente é
transformado em centro de consumo de produtos e mercadorias européias, tão ao
gosto da burguesia da Bele Epoque capitalista e da economia capitalista. 324
Assim como as cidades São Paulo e Rio de Janeiro passaram por um processo de
embelezamento durante a sua urbanização, por aqui não foi muito diferente. Ruas foram abertas,
praças foram sendo construídas, mas tudo baseado na antiga segregação de bairros, na qual os
trabalhadores ficavam nas áreas insalubres enquanto a elite se posicionava no centro, longe de
doenças e maus cheiros. Aos ‖imigrantes e trabalhadores, em geral, matadouros, hospitais e
cemitérios. Ao nobre burguês urbanizado, teatros, palacetes, praças e vitrines‖ ·.
A urbanização de Ribeirão Preto seguiu o modelo Hausmaniano de organização, e por esse
motivo houve a valorização da área central, tornando-se alvo de comerciantes que viram aqui uma
―Nova Europa‖. Um grande exemplo é o conjunto formado pelo Quarteirão Paulista, com sua praça e a
ousadia dos primeiros edifícios.
O rural começa a perder espaço, mas é graças a ele que a cidade se alicerça para crescer.
Entre os anos de 1890 e 1920, a pequena vila começa a ter seus hábitos modificados, novos espaços
e formas de sociabilidades, até então desconhecidas, passam a fazer parte do cotidiano de seus
moradores. Segundo Paziani, foi nas décadas republicanas de 1890 e 1900 que as lideranças
municipais passaram a importar-se com a imagem da cidade frente às demais urbes, vislumbrando a
possibilidade de executar uma série de intervenções para transformar Ribeirão Preto em um centro
urbano civilizado e exemplar.
324 FARIA, op. cit. p.132.
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