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Barão

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Qual o motivo que levara a cidade de Ribeirão Preto no início do século XX e final do século XIX<br />

possuir diferentes grupos jornalísticos? A princípio, nos leva a crer que se refere ao fato de estarem<br />

falando aos grupos sociais, ou seja, por intermédio dos jornais havia um meio de oportunidade do<br />

imigrante expor e manter sua cultura, a Igreja nesta mesma ordem se fazia presente manifestando sua<br />

voz como oráculo da verdade. Os demais estabelecimentos jornalísticos cada um com seu público<br />

também perpetuavam seu discurso de acordo com o lugar social. Deste modo, num quadro geral todos<br />

falavam para seus pares e/ou narravam questões que queriam ouvir. Quando noticiavam questões<br />

indesejáveis, a barbárie assolava neste rincão e, sangue chorava rente ao chão. Neste sentido Maria<br />

Helena Capelato afirma: "a leitura dos discursos expressos nos jornais permite acompanhar o<br />

movimento das idéias que circulam na época. A análise do ideário e da prática política dos<br />

representantes da imprensa revela a complexidade da luta social". 29<br />

A imprensa tem um papel fundamental na formação de opiniões, expressando os projetos<br />

político-ideológicos. Procurando sedimentar tais idéias dentro da sociedade, transformando interesses<br />

de grupos em compreensões gerais, criando uma ideologia própria, a oligarquia e a grande imprensa<br />

acabam utilizando os mais diversos meios para isso, dos diretos aos indiretos.<br />

Por estar inserida no complexo cafeeiro Ribeirão Preto começa a sofrer alterações urbanísticas<br />

que são visualizadas no universo público e privado. A modernidade se mostra em diversas fronteiras e<br />

esferas sociais. Um bom exemplo é sua manifestação na urbanização, seja com a construção de<br />

espaços exclusivos aos tidos loucos, das meretrizes e/ou dos transgressores. Tais espaços foram<br />

construídos a partir de princípios higiênicos, do ordenamento público e civilizador propagado pela<br />

Primeira República.<br />

Por intermédio da economia cafeeira foi possibilitada a elite de Ribeirão Preto personificar uma<br />

apropriação de um modelo urbano de construção, assim, no final da década de 1890 a cidade passa<br />

por profundas mudanças na paisagem do quadrilátero central. Não obstante esta mesma elite conforme<br />

aponta o historiador Nicolau Sevcenko em ―Literatura como missão‖ seriam os responsáveis pelas<br />

grandes transformações sociais e culturais vivenciadas durante a Primeira República. Nesta ótica o<br />

autor defende:<br />

Arrojados num processo de transformação social de grandes proporções, do<br />

qual eles próprios eram fruto na maior parte das vezes, os intelectuais brasileiros<br />

voltaram-se para o fluxo cultural europeu como a verdadeira, única e definitiva tábua<br />

de salvação, capaz de selar de uma vez a sorte de um passado obscuro e vazio de<br />

possibilidades, e de abrir um mundo novo, liberal, democrático, progressista,<br />

abundante e de perspectivas ilimitadas, como ele se prometia. A palavra de ordem<br />

da ―geração modernista de 17O‖ era condenar a sociedade ―fossilizada‖ do Império<br />

29 CAPELATO, M. H. R. Imprensa e História do Brasil. São Paulo: Contexto (Coleção Repensando a História), 1988,<br />

p.34.<br />

Na Trilha da Modernidade Cafeeira 146

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