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Barão

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Ao escrevermos em história num primeiro momento ficamos perplexos pela complexidade de<br />

obras produzidas pelas ações humanas. Porém, cientes de que o trabalho do historiador é realizar um<br />

garimpo dos fatos e manifestações produzidas sejam por protagonistas anônimos e/ou pelos grandes<br />

personagens, reis, nobres, políticos entre outras figuras que marcaram de algum modo o tempo na<br />

história. Refugiamo-nos na biblioteca histórica e bebemos das mais belas ações e realizações<br />

arquitetadas pela atuação dos agentes transformadores do meio.<br />

Assim, quando nos deparamos com a mulher na escrita da história do Ocidente, poderíamos<br />

acreditar que esta já conquistou total autonomia na medida em que foi escolarizada, assimilada pelo<br />

mercado de trabalho e com o voto feminino. No entanto, não é o que vem demonstrando as ações<br />

contemporâneas. No entrelaçamento das velhas forças do patriarcado com as do capitalismo, o<br />

resultado continua sendo desfavorável para a mulher. Qual o motivo de tais práticas continuarem<br />

persistindo na história? Terá a mulher uma maldição no Ocidente? A este respeito, Georges Duby e<br />

Michelle Perrot nos mostra:<br />

Da Antiguidade até aos nossos dias, a escassez de informações concretas e<br />

circunstanciadas contrasta com a superabundância das imagens e dos discursos. As<br />

mulheres são representadas antes de serem descritas ou narradas, muito antes de<br />

terem elas próprias à palavra. Talvez que esta abundância de imagens seja<br />

proporcional ao seu efctivo recolhimento. As deusas povoam o Olimpo das cidades<br />

e cidadãs; a Virgem reina nos altares onde oficiam os padres; Mariana encarna a<br />

República Francesa, assuntos de homens. A mulher imaginada, imaginária, ou mero<br />

fantasma, submerge tudo. 704<br />

Foi figurado a partir da antiguidade um imaginário social em torno das personagens femininas os<br />

quais, invadiram mentes, obras, modos e comportamentos na civilização ocidental.<br />

Retornando a história, podemos observar que a mulher sempre se ocupou com outras tarefas<br />

além da educação dos filhos pequenos. Entre os camponeses de todos os tempos, ela ajuda a arar o<br />

campo, cuida da conservação dos alimentos em casa, tece o fio e costura roupas. Até as mulheres<br />

nobres ocupavam seus dias com trabalhos manuais. Seja na Grécia, e/ou no Velho Testamento Bíblico<br />

como enfatiza Michelle:<br />

[...] Elas modulam a aula inaugural do Gênesis, que apresenta a potencia<br />

sedutora da eterna Eva. A mulher origem do mal e da infelicidade, potência noturna,<br />

força das sombras, rainha da noite, oposta ao homem diurno da ordem e da razão<br />

lúcida, é um grande tema romântico. 705<br />

704<br />

DUBY, G; PERROT, M. (Orgs.). História das mulheres no Ocidente - A Antiguidade. São Paulo: Afrontamento, 1990,<br />

p.8.<br />

705<br />

PEROT, M. Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros. 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001,<br />

p.168.<br />

Introdução 78

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